O ano está começando a acabar. Isso mesmo — e a correria já se instalou na vida de todos nós: são eventos, lançamentos, comemorações, todo mundo correndo, cada um numa direção. O mundo parece um tiquinho mais calmo, mas isso pode ser apenas uma percepção. As temperaturas sobem e descem numa velocidade tal, como que para mostrar que está tudo mesmo sem controle. Resta a nós cuidarmos muito bem de nós mesmos, de nossas vidas e dos nossos, sempre com um olhar generoso para o entorno, para quem está em volta. Se a gente conseguir isso, meio caminho andado.
Ilustração: Maria Eugenia
AH, O AMOR…
Sabe aquele papo de “não é você, sou eu”? Pois é, parece que, no caso do amor hétero, a frase anda ganhando um novo significado — e bem mais coletivo. Um termo que vem pipocando nas conversas e pesquisas sobre o tema é o heterofatalismo, criado pelo pesquisador americano Asa Seresin para tentar dar nome a esse desânimo amoroso que parece pairar sobre muitas mulheres heterossexuais. É aquele sentimento de “amo, mas com ressalvas”, de saber que o jogo está meio viciado e, mesmo assim, continuar jogando. A ideia é que o heterofatalismo descreve o conjunto de discursos e sensações de quem encara a própria orientação como uma espécie de maldição: como se amar homens fosse, por definição, fonte de frustração ou sofrimento. O termo surgiu de forma acadêmica, mas caiu no gosto popular justamente porque ressoa com algo que muita gente sente: um cansaço coletivo com as dinâmicas de gênero e com os modelos tradicionais de relacionamento. A pesquisadora Sophie Lewis chama esse estado de espírito de “misandria anti-utópica”: o desejo de não precisar dos homens, mas sem energia ou condições reais para mudar a estrutura que sustenta essa dependência. É como uma mistura de revolta e resignação, um certo conformismo com o fato de que amar pode ser exaustivo, mas não amar parece, de algum modo, ainda mais difícil. Por isso, o heterofatalismo acaba sendo menos um movimento combativo e mais uma constatação melancólica: uma forma de transformar o sofrimento privado em experiência coletiva, algo que se compartilha em posts, memes e conversas entre amigas. O que esse desânimo escancara, no fundo, é o peso de uma estrutura social que continua impondo às mulheres a velha encruzilhada: ou o casal monogâmico “tradicional” ou a solidão (aquela caricatura da “solteirona dos gatos”, que ainda incomoda tanto os ultraconservadores). É uma escolha injusta, na verdade, e enviesada, porque vem carregada de culpa, medo e pressão social. Mas tanto Seresin quanto Lewis lembram que a heterossexualidade, em si, não é o problema — o problema é o contexto. É o capitalismo que esgota, a desigualdade que sufoca, as expectativas que aprisionam. O amor poderia ser mais leve, mais recíproco, mais livre… se as condições fossem outras. No fim das contas, o heterofatalismo não é sobre desistir do amor, mas sobre reconhecer que, do jeito que as coisas estão, ele anda precisando de uma boa reforma estrutural. Um reset profundo e coletivo, que mostre que o amor ainda vale a pena, só esteja esperando um mundo mais justo para florescer de verdade.
Uma nova era? / Fotos: reprodução Instagram; Istockphoto.com
O CORPO EM MOVIMENTO
Um tsunami é exatamente o que o mundo do fitness está vivendo com a chegada dos famosos medicamentos para perda de peso — os GLP-1s, tipo Ozempic e Wegovy. Eles não estão apenas transformando corpos, mas também redefinindo o que significa ser um profissional de bem-estar. O personal trainer tradicional, aquele que contava calorias e ajustava treinos, está dando lugar a uma nova figura: o parceiro de força e longevidade. A conversa que antes girava em torno da balança mudou de tom. O novo mantra é: músculo é o novo ouro. De acordo com uma pesquisa da National Academy of Sports Medicine (NASM), 46% dos profissionais de fitness enxergam a longevidade e o treinamento de força como a grande oportunidade da vez — inclusive, recentemente falamos aqui da nova tendência dos braços definidos. E não é à toa. Com os GLP-1s acelerando a perda de peso, surge uma nova preocupação entre os clientes: “será que estou perdendo massa muscular também?”. O dado curioso é que 60% dos treinadores dizem que essa é, hoje, a principal questão nas sessões. Outro número chama atenção: metade dos profissionais afirma ver cada vez mais corpos menores, mas mais fracos — aquele visual magro no espelho, mas com menos tônus e vitalidade. O que isso mostra é que a era do “emagrecer a qualquer custo” está, finalmente, dando lugar à do “envelhecer bem”. E o treinador do futuro vai precisar ser muito mais do que alguém que passa treinos: vai ter que entender de medicina, nutrição, comportamento e até de tecnologia. O estudo mostra também que 74% dos profissionais já acreditam que colaborar com médicos não é mais opcional — é essencial. Tanto que o NASM criou um curso chamado Understanding Weight Loss Medications, voltado justamente para ajudar os profissionais a lidar com os aspectos físicos e mentais dessa nova rotina. E se por um lado há entusiasmo com os remédios, por outro há desconfiança. Uma pesquisa da Levity revelou que 60% das pessoas ainda enxergam os GLP-1s como um atalho perigoso, que pode afastar hábitos saudáveis como alimentação equilibrada e exercício. Nesse contexto, o papel do treinador ganha ainda mais importância — ele vira o elo entre a biotecnologia e a vida real, aquele que traduz números, remédios e ciência em rotina e propósito. Enquanto a inteligência artificial ameaça substituir carreiras inteiras, o fitness segue na contramão: nunca se precisou tanto do toque humano. De quem entende que o corpo não é só uma máquina, mas um organismo cheio de nuances.
Seria dormir o melhor remedio? / Fotos: reprodução Instagram
NA HORIZONTAL
Tem gente que sonha em conhecer o mundo — e tem gente que só quer dormir um pouco melhor. E, olha, essa segunda turma está crescendo rápido. Prova disso é que a nova tendência entre os Millennials é trocar uma praia paradisíaca ou o mochilão por uma viagem muito mais simples: umas boas férias dedicadas a... dormir. Segundo a pesquisa Amerisleep, uma marca norte-americana especializada em produtos para o sono, o cansaço dessa geração chegou num ponto crítico. Quase metade dos Millennials norte-americanos (43%) usou dias de folga pagos — os famosos PTOs (Paid Time Off ou Tempo Livre Remunerado) — apenas para tirar um cochilo sem culpa. E 35% assumiram que o principal objetivo das férias foi descansar, ponto. Nada de museus, trilhas ou longos roteiros. Só cama, travesseiro e silêncio. E o mercado, claro, não demorou para perceber a oportunidade. A demanda por férias voltadas ao sono cresceu tanto que agora existe até um nome para isso: restcation, a junção de rest (descanso) e vacation (férias). E o mais curioso é que o luxo, hoje, parece ter menos a ver com vista para o mar e mais com blackout perfeito e colchões e travesseiros de última geração. Mas por que tanto cansaço? Os especialistas apontam o que todo Millennial já sabe: uma mistura explosiva de pressão profissional, economia instável, excesso de telas e aquele eterno malabarismo entre cuidar dos filhos e dos pais. Resultado? Dois terços dessa geração (66%) relata níveis moderados a altos de burnout, superando tanto a Geração X quanto os baby boomers. Não por acaso, os hotéis estão reinventando o que significa “viajar bem”. Alguns oferecem acupuntura, mergulhos frios e aulas de movimento consciente, outros contam com um Sleep Lab, criado junto ao especialista em sono. É o turismo do sono — e ele chegou para ficar. O setor de tecnologia também está surfando nessa onda “sonolenta”: a empresa Eight Sleep levantou 100 milhões de dólares para desenvolver uma cama inteligente com IA. A Somnee, cofundada pelo próprio Dr. Matthew Walker — que é neurocientista, professor de neurociência e psicologia na Universidade da Califórnia e um dos maiores especialistas em sono do mundo — criou uma faixa de cabeça que monitora o cérebro enquanto você dorme. E até as marcas de suplementos entraram no jogo, como a AG1, que lançou o AGZ — uma bebida noturna com adaptógenos e minerais (mas sem melatonina) para quem quer acordar renovado. Na verdade, o que todo mundo quer é simples: dormir melhor e acordar sentindo que o descanso valeu o PTO. Férias, agora, são sobre recarregar — literalmente. E talvez a maior aventura da vida moderna seja essa mesmo: conseguir, finalmente, uma boa noite de sono.
Você é daquele tipo que quando alguém começa a desabafar, você já está com a solução na ponta da língua? Pois é: esse impulso quase automático de querer “consertar” o problema do outro pode até vir de um bom lugar — mas, segundo a ciência, talvez seja hora de desacelerar o nosso lado conselheiro e praticar um pouco mais de sabedoria emocional. Como? Bem, dar conselhos, afinal, é uma delícia. Faz a gente se sentir útil, esperto e até meio generoso. Mas, tem um porém: o famoso conselho não solicitado. Segundo a psicóloga clínica especializada em relacionamentos, casamentos e inteligência emocional e professora da Northwestern University, Alexandra Solomon, ele é basicamente uma “violação de limite”, porque você está se metendo numa situação onde ninguém chamou. É tipo entrar de sapato no tapete branco da sala de alguém. E não para por aí: o professor Richard Larrick, da Duke University, lembra que todo conselho é, em parte, um espelho das nossas próprias experiências. Ou seja, aquilo que você acredita ser útil para o outro, na verdade, é algo que faria sentido para você — e talvez não tenha nada a ver com o contexto da outra pessoa. No trabalho, então, o risco é ainda maior. O conselho não solicitado pode soar como interesse próprio disfarçado de boa vontade. E sabe o que acontece na maioria das vezes? Ele vai direto para o lixo mental do colega. Mas, apesar dos pesares, nem tudo está perdido. Existe uma solução tão simples que parece óbvia, mas raramente é usada: antes de sair distribuindo sabedoria, pergunte “você quer o meu conselho?”. É só isso: três segundos de humildade que podem salvar uma amizade, um relacionamento ou uma reunião de equipe. Essa pergunta muda tudo porque devolve o poder de escolha para o outro. Quando a pessoa decide ouvir o outro, ela se abre de verdade — sem ficar na defensiva ou sentindo que precisa justificar cada passo. Outra dica é trocar o “você devia fazer isso” por “o que você acha de tentar isso?”. É uma mudança de tom sutil, mas que transforma o conselho em uma conversa, não em um sermão. Então, fica aqui o convite: na próxima vez que alguém vier desabafar, experimente segurar a língua por um segundinho e perguntar, antes de aconselhar. Pode ser que o silêncio — ou a permissão — valha mais do que qualquer solução pronta.
Um novo jeito de aprender / Fotos: reprodução Instagram; Divulgação
ESCOLA ARTIFICIAL
Parece que o futuro das escolas finalmente chegou — e ele tem mais cara de startup do que de sala de aula. No Norte da Virgínia, a Alpha School está abrindo as portas com uma proposta que mistura ficção científica e luxo educacional: uma escola sem professores, guiada por inteligência artificial e com mensalidade digna de um MBA — US$ 65 mil por ano. Pois é, estudar nunca foi tão tecnológico… nem tão caro. A ideia é simples (pelo menos no papel): substituir o tradicional modelo de longas horas de aula e provas por um sistema em que os alunos passam apenas duas horas por dia estudando conteúdos acadêmicos, com a ajuda de aplicativos de aprendizado adaptativo. Nada de professor no quadro. Em vez disso, as crianças — do jardim de infância até a 3ª série — têm “guias”, pessoas sem formação obrigatória em educação, que mais observam do que ensinam. O resto do dia é dedicado a aprender “habilidades para a vida”: andar de bicicleta por cinco milhas, escalar muros, administrar um Airbnb. Um currículo entre o coach e o escoteiro. A promessa é ousada — mas vem com um detalhe curioso: apesar de vender o discurso da IA, a escola não usa chatbots nem ChatGPT. A tecnologia entra mesmo é no controle: o sistema monitora cada clique, cada tecla, cada distração. Se o aluno começa a acelerar demais ou perde o foco, uma IA o chama à ordem. Para os defensores, é o sonho da personalização total; para os críticos, o pesadelo da vigilância precoce. Os pais milionários parecem encantados com o que os filhos podem fazer “no resto do tempo”. Um deles, o ex-governador de Porto Rico, Ricardo Rosselló, resumiu: o verdadeiro luxo não é a IA, mas o espaço para a criança viver experiências fora da tela.
Fotos: Divulgação; reprodução Instagram
Desejos de consumo
Vida de fashionista não é fácil, não: tem semana de moda em Milão, em Paris, tem Iguatemi Talks, SPFW. Depois dessa maratona toda, um descanso merecido, certo? E foi justamente esse tema que me inspirou nas pesquisas desta semana pelos corredores do Iguatemi. Ai, que delícia relaxar em casa!
Na montagem acima, imagem de Josef Albers, White line square-VII, 1966
1 - Um conjunto de moleton é muito bom, com a etiqueta Prada, melhor ainda!
2 - Com esses chinelos forrados da Birkenstock, a gente pode se sentir nas nuvens…
3 - Uma boa leitura? Mais do que necessária! Na Livraria da Travessa, escolhi esses dois livros para abastecer a cabeça e a alma
4 - Ah, o que um aroma relaxante das velas Jo Malone não proporciona? Essa, de nectarina e mel, é uma de minhas preferidas
5 - Garantia de bons sonhos? Com esse travesseiro da Trousseau, meio caminho andado
Uma viagem e muitas perguntas.
Já está no ar, no meu canal do YouTube, um vídeo muito especial sobre a travessia que fiz pelos Bálcãs — e sobre tudo o que essa viagem me fez repensar.
Falo sobre o tempo, o silêncio, o pertencimento e essa pergunta que não me larga: o que é casa?
Aos 50 anos, no auge de uma das carreiras mais bem-sucedidas da publicidade mundial, Marcello Serpa decidiu fazer o impensável: largar tudo e viver “o sonho havaiano”. Foram quase sete anos de um sabático à beira-mar — entre pranchas, pincéis e reflexões sobre o que realmente faz sentido. Agora, de volta ao Brasil, ele lança, no próximo dia 11, a partir das 19h, na Mula Preta, dois livros pela Editora Afluente: Vendo, uma biografia escrita por Julius Wiedmann, e Vendo: Imagens, um livro de arte que reúne suas campanhas icônicas e trabalhos pessoais. Juntos, os dois revelam o olhar de um criativo que aprendeu a vender ideias e, depois, a simplesmente vê-las.
1. Você passou sete anos vivendo no Havaí: o que levou você para lá naquele momento da sua vida? E por que você decidiu voltar agora?
Aos 50 anos, decidi que era hora de mudar de vida: sair da AlmapoBBDO e largar a propaganda. Depois de três anos entre negociações e preparando a sucessão, vendi a minha parte na agência e saí junto com meu sócio e irmão, José Luiz Madeira. Quando você toma uma decisão dessas, é preciso sair de cena. É como um piloto de Fórmula 1 que resolve parar de correr: não faz sentido ficar perto do autódromo ouvindo o som dos carros ou assistir às corridas. Era preciso um detox. A minha família e eu nos apaixonamos pelo Havaí em algumas viagens que fizemos para surfar. Durante o período de negociações para a saída da Almap, construímos uma casa no North Shore de Oahu — paraíso de todo surfista. Fizemos um sabático extenso, saímos da nossa zona de conforto em São Paulo e fomos morar na praia. Foram quase sete anos de Havaí: ondas, pinturas, vida saudável e pés descalços. Porém, jamais pensamos em sair do Brasil definitivamente. Precisávamos de um tempo para refletir, dar uma sacudida no nosso estilo de vida, expor as crianças a uma educação pública sem os muros visíveis e invisíveis aos quais estávamos acostumados.
Nós fomos em busca do “sonho americano”, até porque, como disse o comediante George Carlin, “o sonho americano só acontece quando você está dormindo — e acaba quando você acorda”. O que eu tinha era o “sonho havaiano”: um estilo de vida mais tranquilo, as praias mais lindas do mundo, com as melhores ondas do planeta. Isso, sim, fazia sentido. Foi uma experiência maravilhosa, mas o ciclo de Saturno é inexorável. Sete anos foram suficientes: minha filha se formou no high school e foi estudar História em Washington DC; a Joanna, minha esposa, terminou o mestrado em Sociologia na Universidade do Havaí exatamente na mesma época; e a pandemia chegou para transformar nossos valores e expectativas. Sabíamos que era a hora de trazer nosso filho Paulo, então com 13 anos, de volta ao Brasil — para receber uma boa mão de verniz brasileiro, de ginga e alma, que só encontramos por aqui.
2. Em "Vendo" você traz memórias de “uma grande ideia podia parar o Brasil por uma noite”. Ainda é possível criar campanhas com esse impacto no mundo digital e fragmentado de hoje?
Eu fiz parte de uma geração absolutamente abençoada da propaganda brasileira: a de Washington Olivetto, Nizan Guanaes, Fábio Fernandes, Alexandre Gama, Celso Loducca, Jaques Lewkowicz e tantos outros. Nomes que ajudaram a fazer da propaganda brasileira uma referência mundial, conhecida pelo humor, leveza e inteligência. Uma das razões desse momento tão espetacular foi a tal mídia de massa que alcançava todos os cantos do país. Uma campanha estreava no domingo à noite, no Fantástico, estava nas páginas da Veja e nos jornais de todo o país. Se ela era boa, repercutia em todas as camadas da sociedade ao mesmo tempo, criando bordões, jingles e imagens que entravam na memória coletiva brasileira.
Com a revolução digital, veio a fragmentação da mídia. Se tornou quase impossível falar com todos os brasileiros ao mesmo tempo. As redes sociais obrigaram as marcas a uma comunicação customizada para cada público. Fragmentamos a mídia e a mensagem.
Fomos dividindo em bolhas quase herméticas, onde interagimos apenas com quem pensa parecido. Quem está fora da bolha se torna um estranho. A tecnologia nos separou — e assim permanecemos. Nos celulares expondo 24 horas por dia zilhões de vídeos e posts que os algoritmos customizam para cada um de nós, as campanhas de propaganda se tornaram efêmeras. Qualquer conteúdo é criado para consumo instantâneo, no TikTok, no Instagram ou em qualquer outra rede social. Uma ideia precisa ser absolutamente brilhante para furar a bolha — e por mais incrível que seja, sua vida será curta.
3. Como você gostaria que esses dois livros fossem lidos: como registro histórico da propaganda ou como um convite ao olhar sensível para a criatividade em qualquer campo?
Eu gostaria que esses dois livros fossem vistos de duas maneiras. O primeiro é sobre escolhas de vida, e como elas definem carreiras e sucesso profissional. Um moleque que sai da zona de conforto carioca e vai para o frio da Alemanha para estudar design, onde a coerência e a disciplina andam de mãos dadas com a criatividade, para depois de 7 anos, Saturno novamente, voltar para a terra da alegria e exuberância criativa que nascem na nossa indisciplina e incoerência. Minha vida, meu caminho é fruto da fusão desses dois mundos opostos. E como alguém que viveu o auge da era dourada da propaganda brasileira, decide, no auge da carreira e da agência, questionar se tudo aquilo ainda fazia sentido. É sobre desapego, quando chega a hora de questionar aqueles parâmetros associados ao sucesso, seja ele profissional ou financeiro.
O segundo livro é praticamente uma biografia visual. Ele compila os melhores trabalhos que produzi ao longo de 35 anos de carreira, tanto individualmente quanto em colaboração com equipes incríveis na GGK, DM9, DPZ e na AlmapBBDO. São trabalhos onde sempre buscava comunicar o máximo com o mínimo. Design, muitas campanhas e os quadros que pintei desde a saída da Almap.
Espero que essas imagens sejam a prova de que uma ideia que sai de uma sala gelada de agência de propaganda ou de um estúdio no Havaí pode entrar na memória coletiva. Mas, como nos tempos de TikTok a memória é algo frágil, este livro é a tentativa de fixar algumas dessas imagens no papel, para que o tempo não as leve por completo.
Fui assistir ao espetáculo sobre Ney Matogrosso, Homem com H, no Teatro Porto Seguro — fiquei maravilhada, e que casting!
Passei uma manhã entrevistando Cauã Reymond para a revista Esquire e gravando tudo para o meu canal no YouTube: foram horas mágicas de trocas intensas
Fiquei triste de não poder estar em Paris para uma mostra dos móveis de Charlotte Perriand, com curadoria do estilista Anthony Vaccarello e com patrocínio da Saint Laurent, na galeria Patrick Seguin
Participei da plateia na estreia do filme 90 Decibéis, estrelado por Benedita Casé: fiquei impressionada com a performance dela
Fui almoçar no Almanara do centro de São Paulo, na Rua Basílio da Gama — sempre um clássico e uma experiência deliciosa
Estive na inauguração da loja da Vivo, na rua Oscar Freire, com projeto de Martin Corullon: o presidente da Vivo, Christian Gebara, estava lá recepcionando os convidados — e é claro que eu já virei cliente
Tive o prazer de prestigiar Jeff Ares e A Casa do Rio no lançamento de uma peça feita à mão pelas mulheres da comunidade — tudo nos jardins de Cris Barros
Jantei no Gero, na Haddock Lobo, com amigas queridas que conheci na viagem de trem pelos Bálcãs: como foi gostoso esse reencontro
Recebi um livro sobre a memória e a herança dos Açores na Enseada de Brito, em Santa Catarina, idealizado por Marcio Carvalho e Cláudia Aragón — um belo trabalho
Gravei aqui em casa com dois convidados excelentes para o meu canal no YouTube: Marcela McGowan e Dr. Arthur Guerra
Acompanhei cenas jamais imaginadas do ex-presidente Nicolas Sarkozy sendo preso em Paris
Assisti à posse da primeira mulher a liderar o Japão: Sanae Takaichi virou primeira-ministra
Fiquei feliz com a escolha da estilista Grace Wales Bonner para comandar a Hermès homem: sempre fui fã da marca dela
Me encantei totalmente por um par de slingbacks de Roger Vivier: mega modernos
Soube que a incorporadora inglesa Caudwell, referência em empreendimentos ultraexclusivos, anunciou a nomeação da Dorchester Collection — sinônimo de excelência entre os hotéis e residências mais prestigiados do mundo — para gerir os serviços de luxo do 1 Mayfair, incluindo administração completa do edifício, concierge e serviços do residencial mais luxuoso de Londres
Comi um pequeno tartare de carne, recheando um pãozinho brioche, num jantar no Nit — quero voltar o mais breve possível
Achei mega chic a escolha do ator John Malkovich para a nova campanha da marca de Jonathan Anderson
Descobri que Seul transformou o metrô em academia urbana: três estações ganharam vestiários, armários inteligentes e até vending machines com itens de corrida
Recebi o save the date para a tradicional festa de Natal de Jorge Elias
Fiquei sabendo do lançamento do livro que a chef Bel Coelho, que acontecerá em novembro, durante a COP30, em Belém, junto com um documentário sobre a Amazônia: “Floresta na Boca - Amazônia: Pessoas, Paisagens e Alimentos”, editado pela Fósforo
Me encantei com a escolha da Zara: o fotógrafo Szilveszter Makó, conhecido por seu olhar poético e surreal, foi quem assinou a nova campanha de Halloween da marca
Comecei a aguardar, ansiosamente, o espetáculo que Chay Suede está montando com os feras Caetano Galindo, Felipe Hirsch e Daniela Thomas
Acompanhei fotógrafos internacionais e stylists tristes com a morte de Melanie Ward, uma referência de estilo no mundo da moda
Zaho de Sagazan já apareceu aqui conosco, nestas paragens. Ela vem ao Brasil agora pela primeira vez e resolvi resgatar esse momento dela em Londres, com o cantor inglês Tom Odell. Ela é ou não puro charme?
Ilustração: Maria Eugenia
NA PALMA DA MÃO
O “Cowbot”, ferramenta gratuita criada pela JBS há um ano, vem mostrando que tecnologia e sustentabilidade podem caminhar juntas no campo. Desde o lançamento, o assistente via WhatsApp já realizou mais de 30 mil análises socioambientais de propriedades rurais, ajudando pecuaristas de todo o Brasil a fazer uma checagem rápida e segura antes de qualquer negociação.
A dinâmica é simples: o produtor envia a localização ou o número do Cadastro Ambiental Rural (CAR), e em menos de um minuto recebe o retorno sobre a conformidade da área — se há desmatamento, embargos ambientais ou sobreposição com terras indígenas, quilombolas ou unidades de conservação. Antes, esse tipo de verificação podia levar até três dias e envolver intermediários. Agora, cabe em uma conversa de celular.
O uso tem crescido tanto que três em cada quatro usuários voltam a consultar o Cowbot. A ferramenta democratiza o acesso a informações socioambientais e reduz o risco de aquisição de animais de áreas irregulares. A ideia é fortalecer a rastreabilidade em toda a cadeia de fornecimento, em sintonia com outra iniciativa da companhia: a Plataforma Pecuária Transparente (PPT). Além disso, essa plataforma, protegida por tecnologia blockchain, permite que produtores registrem transações entre fornecedores com segurança e privacidade. Também gratuita, a PPT vem incorporando novos recursos, como busca de CAR por CPF ou CNPJ e melhorias na experiência de uso.
Com o Cowbot e a PPT, a JBS reforça um movimento importante: tornar a sustentabilidade algo acessível, ágil e integrado à rotina do produtor rural — do pasto ao celular.
Para garantir a chegada da Caixa Postal todo domingo, basta adicionar caixapostal@caixapostal.news na sua lista de contatos: assim você não perde nenhuma edição!