Estou me sentindo o próprio coelhinho de “Alice no País das Maravilhas”: “Estou atrasado, estou atrasado!” — esse era o lema dele. Mas, que fique claro: não é de hoje que eu me sinto assim. Desde que nasci, ou melhor, desde que virei gente grande, na verdade, me sinto esse coelhinho: correndo de um lado pro outro, olhos arregalados, sempre atentos. Só que nessa altura do ano, essas antenas ligadas começam a dar curto-circuito: hora de desacelerar, de abrir o coração e deixar o cérebro descansar. Entre um compromisso e outro, estou tentando isso, com todas as minhas forças. Não sei se estou conseguindo, mas vamos em frente: o final do ano está na esquina. E eu quero chegar lá livre, leve, solta. E feliz.
Quem diria que um rito milenar ganharia cara de spa boutique? O mikvá (ou mikvah) é o banho ritual do judaísmo, uma imersão em água “natural” (tradicionalmente água de chuva e seguindo regras específicas) usado para marcar pureza ritual e transições importantes — e agora pode acontecer entre lustres venezianos desenhando brilhos no teto, um piso que abraça os pés com calor e, se quiser estender o cuidado, tem até manicure para aparar as arestas no dia. Detalhe: nesse tipo de banho, esmaltes, joias, anéis e brincos não são permitidos. É a tal “Renascença do mikvah”, onde a imersão ritual encontra a imersão no conforto — uma negociação elegante entre tradição e bem-estar contemporâneo. O recado é direto, quase um slogan: “Esse não é o mikvah da sua mãe”. E não é mesmo. O que antes podia soar austero agora fala a língua dos head spas e dos wellness clubs, sem abrir mão do sentido original. É como se o espaço dissesse: “pode entrar com calma, a espiritualidade também aprecia um bom projeto de interiores”. O interessante é perceber que não se trata só de dourar a pílula com mimos, mas de atualizar a experiência para um mundo em que o cuidado virou linguagem. Quando os ambientes acolhem, os rituais respiram; quando o serviço é atencioso, a atenção se volta para o que importa. O luxo aqui não é ostentação, é trânsito descomplicado: luz certa, temperatura certa, tempo certo, tudo a serviço de um encontro entre corpo e propósito. Há quem torça o nariz para a “spa-ificação” do sagrado, mas talvez a pergunta não seja “isso descaracteriza?” e sim “isso aproxima?”. Se arquitetura, hospitalidade e design ajudam a abrir a porta para quem antes ficava do lado de fora, há algo de profundamente contemporâneo — e, por que não, devocional — nessa renovação. A mudança revela um movimento maior do nosso tempo: experiências que não se contentam em ser funcionais; querem ser memoráveis. O mikvah, com seu silêncio e sua água, ganha camadas sensoriais que não diminuem o rito, apenas lhe dão outra moldura. E a gente sai com a impressão de que o sagrado pode, sim, conversar com o conforto, desde que o diálogo preserve o centro do gesto. Se a tradição é uma casa antiga, o que vemos agora é uma boa restauração: mantém-se a estrutura, troca-se as maçanetas, acende-se novas luzes. E abrir essa porta significa um convite para mais gente a entrar.
Ilustração: Maria Eugenia
CONFUSÃO GENERALIZADA
Tem algo diferente no ar — e não é só impressão, não. Nos países ricos, a vida a dois anda em baixa: menos gente se pegando, menos gente dividindo aluguel, menos alianças na mão. É o que a The Economist chamou de “recessão de relacionamentos”, que atinge desde quem sonha com festa, grinalda e véu até quem só queria um bom encontro de sexta-feira. Os números, frios como mensagem visualizada e não respondida, contam essa virada. Entre os membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), 26 de 30 países viram crescer a proporção de pessoas morando sozinhas na última década. A cada geração europeia que chega à vida adulta, cai o número dos que se casam ou vão morar com alguém na mesma idade dos pais e avós foram. Nos Estados Unidos, a foto de 2023 é explícita: 41% das mulheres e 50% dos homens de 25 a 34 anos estavam solteiros — o dobro de cinco décadas atrás. E o fenômeno cruza oceanos: China, Índia e, com força especial, Japão, Coreia do Sul e Taiwan também registram queda nas taxas de casamento. Em escala global, dá para falar em pelo menos 100 milhões de novos solteiros só nos últimos dez anos. À primeira vista, há aí um capítulo bonito de emancipação. Muita gente pôde dizer “não” sem culpa, escapar de relações ruins e viver sem o empurra-empurra social que transformava casamento em etapa obrigatória. A solteirice deixou de ser um rótulo de fracasso para virar possibilidade legítima. Só que, quando a câmera aproxima, a narrativa complica. Pesquisas mostram que nem todo mundo que está só está feliz assim: em um estudo com 14 países, apenas 40% dos solteiros disseram não ter interesse em se relacionar. No levantamento do Pew Research Center, nos Estados Unidos, metade afirmou não querer namorar — mas só 27% justificaram por gostar de ser solteiros. O resto culpou a falta de tempo, a idade, o sentimento de que “ninguém vai se interessar”. Em outra conta, um terço dos entrevistados nesses 14 países não queria estar sozinho, mas achava “difícil atrair um parceiro”. Não é exatamente um manifesto global da vida solo; tem muito desencontro e ansiedade. Existe ainda um descompasso curioso de gênero. O estudo mostrou que 62% das mulheres solteiras disseram não querer namorar, contra 37% dos homens. Traduzindo em cena de festa: de um lado, muitas mulheres optando por preservar tempo, energia e padrão mínimo de qualidade; do outro, muitos homens procurando parceria e batendo na porta errada. Some-se a isso o cansaço de aplicativos que prometem o mundo e entregam ghosting, a vida adulta que encarece tudo (inclusive o primeiro date) e um padrão de expectativas elevado — queremos companheirismo, tesão, projeto de vida, divisão justa da carga mental, conversa boa e, se der, uma foto bonita no domingo. A régua subiu, o tempo encurtou. O resultado é esse paradoxo: nunca foi tão possível escolher ficar só — e, ao mesmo tempo, tanta gente está só não por escolha, mas por falta de encontro viável. É problema de mercado de namoro, com filtros demais e empatia de menos? É uma sociedade que reorganizou trabalho, cidade e rotina de um jeito que descalibra o relógio afetivo? Talvez tudo isso junto, com uma pitada de sorte (ou falta dela). Enquanto a gente tenta decifrar, os efeitos já aparecem fora do coração. Mais gente morando sozinha mexe no mercado imobiliário e no desenho das cidades; menos casamentos e relações duradouras conversam com taxas de fertilidade mais baixas — e tudo isso respinga em previdência, políticas de cuidado, finanças públicas. A “recessão de relacionamentos” não é só assunto para terapia e mesa de bar: ela está redesenhando silenciosamente o tecido social do Ocidente. No fim, a situação escancara um dilema do nosso tempo: liberdade nunca foi tão valiosa — e, ainda assim, conexão rara nunca foi tão cara.
Mineirinhos, graças a Deus / Fotos: reprodução Instagram
DESCOBRINDO O BRASIL
Já não era sem tempo: os gringos finalmente começaram a descobrir Minas Gerais. E não é só por causa do pão de queijo, do doce de leite ou do “uai”: uma reportagem da Condé Nast Traveler mostrou que Minas está entrando no mapa global como destino de quem ama design, história e aquela mistura rara de tradição com olhar para o futuro. É quase como se o estado tivesse decidido assumir oficialmente seu papel de museu a céu aberto com alma contemporânea. A história começa por Belo Horizonte, que muita gente ainda subestima como “cidade de passagem”, mas que, na prática, virou um laboratório criativo gigante. Planejada desde o fim do século XIX, BH tem essa personalidade meio dividida entre o conservador e o vanguardista – e é justamente desse atrito que nasce essa coisa boa. O melhor exemplo talvez seja o Mercado Novo, que foi inaugurado nos anos 1960, mas já teve cara de mercado meio esquecido, daqueles que vão murchando depois do expediente. Aí vieram cozinheiros, artistas, designers, e a história mudou de rumo. Hoje, em plena sexta-feira à noite, ele ferve: tem cerveja artesanal, caipirinha daquelas que a gente respeita, música alta, gente circulando com sacola de cerâmica autoral e brincos de designers locais. No meio disso tudo, o restaurante Cozinha Tupís, cofundado pelo designer gráfico Rafael Quick, virou personagem central dessa reviravolta. Eu já fui e realmente gostei demais. A coisa realmente pegou: em um ano, a movimentação ali ajudou a impulsionar cerca de 100 novos negócios. Isso sem mencionar o Conjunto Moderno da Pampulha, que é tipo um spoiler do que seria, anos depois, o desenho de Brasília. Encomendado por Juscelino Kubitschek a Oscar Niemeyer nos anos 1940, o complexo parece brincadeira de escultura em escala urbana: tem salão de dança serpenteando, curvas que desafiam o olhar e a delicadeza quase flutuante da Igreja de São Francisco de Assis. É como se o modernismo brasileiro tivesse decidido fazer residência artística em BH antes de ganhar o mundo. Aí, quando o visitante estrangeiro acha que já viu tudo, Minas tira da manga sua carta mais cenográfica: Inhotim. O instituto é um híbrido hipnotizante de museu de arte contemporânea e jardim botânico, o tipo de lugar que faz qualquer amante de design e paisagem querer largar tudo e morar ali para sempre. São centenas de obras espalhadas por um território imenso, com pavilhões desenhados por arquitetos brasileiros e instalações que desafiam a lógica do “apenas ver”. Um sonho. Em um mundo cansado de cenários prontos e “instagramáveis” sem alma, o estado oferece exatamente o contrário: vivência, contexto, camadas. Em Minas, o design não é só objeto: é jeito de olhar o mundo. Enquanto os estrangeiros se encantam com esse “novo” destino criativo, os mineiros seguem fazendo o que sempre fizeram: misturando calma com ousadia, café coado com ideias radicais, igreja histórica com instalação contemporânea. Para quem ama design, arquitetura, arte e boas histórias, Minas Gerais não é só um roteiro de viagem – é um lembrete de que a nossa próxima grande inovação pode estar exatamente ali, naquilo que parecia óbvio demais para ser notado. E, convenhamos, não deixa de ser divertido ver os gringos descobrindo agora aquilo que o Brasil já suspeitava há muito tempo.
Ilustração: Maria Eugenia
MINI-FÉRIAS
E não é que a velha “viagem a trabalho” virou cena de reality com filtro de luxo? A Geração Z pegou aquele roteiro do executivo apressado, pasta na mão e aeroporto sem glamour, e reescreveu como quem monta um vlog: se a empresa banca o deslocamento, por que não transformar a pauta em mini-férias? O nome técnico é “bleisure”, a mistura de business (negócios) com leisure (lazer), mas o espírito é outro: estender a estadia, usar a tarifa corporativa a seu favor e, se for preciso, abrir a carteira para turbinar a experiência. Não é exagero — a geração Z não espera o upgrade cair do céu; eles vão lá e pagam por ele. Topam desembolsar para melhorar o voo, trocar de hotel, dar aquele up no quarto. Tem quem consiga diária de hotel de US$ 800 por US$ 389 graças ao desconto da empresa e emende mais dois ou três dias para curtir a cidade. E não é qualquer destino: enquanto os mais velhos repetem Londres, o mapa mental da Gen Z tem Tóquio brilhando como sonho de consumo. Essa história tem muito do algoritmo no bastidor. Crescidos vendo influencers em executiva, room tours de suítes e cafés da manhã com vista cinematográfica, eles querem, ao menos por um trecho, encenar a própria versão desse filme. A viagem vira palco e a conferência, quase pano de fundo para “o conteúdo”: posts multiplicados por dia, look do aeroporto, foto do assento que reclina, giro pelo lobby, jantar esperto. Tudo embalado por aquele modo “personagem principal” que romantiza a rotina e faz do cartão de embarque um acessório. O perigo é quando a ficção de feed passa a ditar o boleto do mundo real: parcelar upgrade, empilhar parcelas, naturalizar o que continua sendo exceção.
Para as empresas, fica a lição de gestão e de clima: a Geração Z trabalha para viver, não vive para trabalhar. Flexibilidade pesa muito. Não precisa virar agência de turismo, mas dá para entender que experiência também retém talento. A reinvenção da viagem de negócios é menos sobre luxo e mais sobre autoria — que essa geração tem de sobra.
Há quem lide com o luto fazendo terapia, há quem que se jogue no trabalho, há quem cozinhe, quem corra, quem se feche no quarto por dias. E há quem faça as malas. Não é fuga, necessariamente. Cada vez mais, psicólogos e especialistas em bem-estar têm observado um fenômeno curioso: usar uma viagem como parte do processo de atravessar a dor. Lá fora, já batizaram essa tendência de “grief travel” ou “griefcation” — algo como “viagem de luto” — que pode ser da perda de alguém querido, do término de um relacionamento ou até uma demissão. Não tem nada de glamour aí, mas tem uma ideia poderosa: quando a vida muda por dentro, às vezes a gente sente necessidade de mudar o cenário fora também. A lógica é menos “meter o pé na estrada para esquecer” e mais “sair para conseguir olhar de outro jeito”. Essa viagem é pensada como uma jornada externa que espelha o terremoto interno: uma tentativa de criar espaço, respiro e perspectiva num momento em que tudo parece apertado demais. Em vez de virar as costas para o que dói, a proposta é colocar o corpo em movimento enquanto a cabeça tenta reorganizar o que ficou em pedaços. Alguns psicólogos chegam a dizer que viajar, nesses contextos, é um “antidepressivo subestimado”, perdendo apenas para o clássico exercício físico quando o assunto é bem-estar emocional. No fundo, o objetivo é um só: fortalecer a resiliência mental, essa musculatura invisível que ajuda a gente a continuar, mesmo quando seguir em frente não faz muito sentido. Não é sobre fazer um mochilão insano ou montar um roteiro megalomaníaco. É sobre a luz de um determinado fim de tarde, sobre a presença da água — um rio, o mar, um lago —, sobre a sensação de ser anônimo em uma cidade desconhecida… Elementos externos que funcionam como uma espécie de abraço silencioso: enquanto a gente não dá conta de tudo, o lugar segura um pouco, acolhe. Ao mesmo tempo, caminhar por ruas desconhecidas ou observar uma paisagem nova cria pequenas faíscas de curiosidade num momento em que tudo parece cinza.
Mas, como em qualquer tendência que mistura emoção e consumo, tem um alerta importante: a fronteira entre usar a viagem para processar o luto e usá-la para fugir dele é bem sutil. Psicoterapeutas insistem nesse ponto: não adianta trocar de continente se a ideia é apenas empurrar a dor para mais tarde. O luto é feito de ondas — vem raiva, vem negação, vem tristeza profunda — e não existe atalho que elimine essas fases. Para chegar, um dia, a algum tipo de aceitação, é preciso atravessar o desconforto, não apenas distraí-lo. “Grief travel” é menos sobre fotos bonitas e mais sobre se permitir um pouco de movimento quando tudo parece paralisado. É um convite para sair da imobilidade, colocar o corpo em outro ritmo e, quem sabe, abrir uma frestinha por onde entre algum ar novo, uma luz. Uma possibilidade muito bem-vinda…
Já está provado que se exercitar é o caminho para uma vida mais plena e longeva. Por isso esta semana, pelos corredores do Iguatemi, escolhi presentes de Natal para quem corre, treina, pratica ioga. Saúde é tudo!
1 - O corta-vento da Nike serve para treinos, mas também para aquele passeio no final da tarde, quando o vento fresco bate na praia
2 - Os tênis da Balenciaga circulam bem tanto nas práticas esportivas, quanto para bater perna nas viagens
3 - E para repor o líquido, essa caneca térmica da Nespresso: vale para sucos, para chá ou para qualquer bebida que resgate as energias
4 - Que amigo não amaria ganhar esse look da Alo Yoga? Elegância até na hora de malhar
5 - Nessa mala da Saint Laurent cabem toalhas para uma ducha rápida pós treino, kit de beleza, uma muda de roupa e tudo o mais
No ar, a minha conversa com a deputada federal Erika Hilton.
Falamos sobre política, trabalho, escolhas e sobre o que significa ocupar certos espaços no Brasil de hoje.
Existem viagens que terminam no desembarque — e existem as que ficam reverberando por meses. A minha com a Latitudes foi do segundo tipo: arrebatadora. Não foi só o mapa que ganhou novos contornos: foi a cabeça. Essa arquitetura foi desenhada por Alexandre Cymbalista. Quando fundou a Latitudes, ele queria que as férias fossem também uma sala de aula viva — “Viagens de Conhecimento” — e esse segue sendo o coração do projeto. Nessa conversa, ele conta o que aprendeu ao transformar aventura em método e explica por que, quando a viagem tem conteúdo, as memórias duram mais do que qualquer foto.
1. Qual era o seu sonho quando você fundou a Latitudes e como aquele sonho evoluiu ou se transformou?
Queríamos apresentar viagens que fossem mais do que meramente um período de descanso ou diversão. Sempre tivemos a ideia de que o período de férias é riquíssimo para se aprender, seja conhecer novas culturas, ampliar horizontes ou conhecer a si mesmo. Quando criamos o conceito de “Viagens de Conhecimento”, tínhamos isso em mente. A ideia era montar pequenos grupos, com um especialista acompanhando as viagens e desenvolvendo um tema relacionado ao local visitado. O resultado seria transformador: ideias, pensamentos, informações circulando entre o grupo e sendo conduzidas pelo especialista. De forma geral, acho que isso virou realidade: ainda é o grande diferencial destas viagens. A nossa (boa) surpresa ao longo dos anos foi que os participantes, por terem um perfil parecido, sentem-se à vontade para interagirem uns com os outros. E isso mudou tudo, porque estas viagens viraram lugares para conhecer novas pessoas, criar amizades, achar companheiros para outras aventuras. Este “side effect” não previmos e foi muito bem-vindo.
2. Você já visitou mais de cem países. Existe um padrão, ou um “código” de como você escolhe os destinos que propõe? E como você enxerga o papel das experiências de imersão e profundidade que vocês oferecem?
Sim, temos um tipo de checklist para a escolha dos destinos, depende de alguns fatores. Precisamos “casar” o destino com o especialista e com o tema. Por exemplo, temos uma especialista em mitologia e tragédias gregas: o destino, óbvio, é a Grécia (claro, de uma forma diferente do que costumamos ver). Não faz muito sentido ir para o Japão ou China com ela, mas podemos ampliar para a Magna Grécia. Já fizemos viagens com essa especialista para Sicília, Turquia e agora iremos para o norte da Grécia, Macedônia do Norte e Bulgária (todos com alguma relação com o mundo grego antigo). Tentamos fugir de destinos mais turísticos, preferimos estar mais fora da rota. Fazemos muitas viagens para Ásia, Ásia Central, Oriente Médio e África, procuramos uma Europa menos conhecida e praticamente não fazemos viagens para os Estados Unidos. Nos interessa mostrar um mundo pouco visto, com menor fluxo de turistas, conhecer a história e as histórias destes lugares e, claro, com todo o conforto de hotelaria e logística que estas viagens merecem.
A Latitudes se propõe a produzir viagens com conteúdo em lugares diferentes do mundo e isso sempre será um nicho de mercado. Montamos viagens para pessoas curiosas, que querem sair da viagem conhecida, rotineira, e explorar um pouco mais, sair da superficialidade e mergulhar mais em um assunto ou uma região que interesse o participante. Comparar uma viagem de lazer tradicional e uma viagem neste estilo que fazemos é como, com a devida licença poética, ter pessoas que gostam de passar tempo no TikTok e outras que preferem passar mais tempo lendo livros. A segunda opção requer uma mobilização interna, mas, em geral, ela vai te trazer experiencias mais ricas e memórias mais duradouras.
3. Você mencionou uma meta audaciosa: levar brasileiros ao espaço até 2035. O que isso representa para você pessoalmente e para o negócio: um símbolo, uma disruptura ou um novo patamar?
Tem uma frase que gosto muito e costumo citar, de uma poetisa americana do século passado, a Muriel Rukeyser: “O universo é feito de histórias, não de átomos”. Acho que isso é um pouco do que buscamos na Latitudes: uma mistura de construção de viagens incomuns, histórias bem contadas, sonhos — muitos sonhos — e muito planejamento. Criamos o tempo todo. Uma boa parte funciona, outros projetos morrem no caminho. Ir para o espaço não é sonhar alto, isso é uma questão de tempo, apenas. O que estamos fazendo é olhar para o alto, assim como já fizemos para temas e lugares diferentes no mundo. É uma consequência, um caminho natural do que fazemos, só olhando mais para frente. Já existem projetos de turismo espacial, alguns bem avançados, e queremos participar disso. Não queremos ser uma agência tradicional que revende uma destas viagens, mas queremos produzir a nossa própria ideia de turismo espacial, da nossa forma, do nosso jeito, de brasileiros para brasileiros. Será a nossa primeira Private Starship Expedition, assim como já temos nossas Private Jet, Private Cruise e Private Train Expeditions. É preciso um sonho, uma história, para continuarmos com esse brilho nos olhos que nos acompanha há 23 anos — e, um destes sonhos, é termos clientes astronautas em nossas futuras viagens espaciais. Eu mesmo adoraria participar disso.
Fiquei encantada com um pulôver masculino da Loewe que vi no site deles — e também com uma bolsa da Polène, marca descolada de Paris
Gostei demais de ver a carioca Lulu Novis numa collab com uma marca de azulejos, a Dalle Piagge, aqui em São Paulo: uma graça
Me juntei a mais de 20 milhões de brasileiros babando com o vídeo de Paolla Oliveira sambando com Aline Maia
Recebi um elogio de Beatriz Milhazes, falando que ama receber nossa newsletter: imagine como eu fiquei…
Fiquei pensando em qual história gostaria de contar num livro encomendado na Oca Books — a da minha família?
Saí sensibilizada demais da sessão do filme “O agente secreto”, de Kleber Mendonça Filho — registro necessário de parte da nossa história
Passei uma tarde no Copan paulistando e curtindo demais a exposição na Pivô
Comi uma entrada dos deuses, que eu nunca havia provado: uma couve-flor com tahine e romã, no Spot — que delícia!
Fiquei triste de não estar assistindo, ao vivo, à Mãeana cantar com João Gomes no cruzeiro de Gilberto Gil
Participei da posse da nova presidência do Museu Judaico: assumiu Moshe Sendacz no lugar do ex-presidente Sergio Simon, que foi homenageado
Como todo o mundo da moda, fiquei fascinada com o desfile e o filme da Chanel, capturado no metrô de Nova York: estou amando essa gestão de Matthieu Blazy
Acompanhei, de longe, a discussão sobre a cidade que queremos no futuro, organizada pela Superbacana+, de Vivian Leite, no espaço da Galeria TEO: foi um sucesso, lotação esgotada e uma conversa mais do que necessária, com a participação, entre outros, de Sandra Cinto e André Scarpa
Fui entrevistada pela psicanalista Maria Homem e por Felipe Miranda, da Empiricus, para o podcast deles “Hello, Brasil”: foi muito bom
Perdi o festão que comemorou o aniversário do meu amigo querido Paulus Magnus — parece que está mais difícil de estar com as pessoas que eu gosto neste final de ano
Como a maioria das mulheres deste país, fiquei horrorizada com a violência e o recorde de feminicídios no Brasil: que vergonha, que absurdo esse número continuar crescendo
Gostei do que vi na nova coleção da Gucci criada por Demna: me lembrou dos tempos de Tom Ford
Celebrei a chegada da marca carioca Marcela B e seus sapatos no Iguatemi
Vivi uma tarde de alegria e celebração entrevistando Zé Ricardo, o grande curador de tantos festivais que a gente ama — inclusive do Rock in Rio e The Town — para o meu canal no YouTube
Incluí na agenda, quarta e quinta que vêm, o Higienópolis Trend Bazar, que reúne, no Palacete Piauí, marcas second hand da ReciclaLuxo — parte da renda vai para projetos assistenciais do Ten Yad
Acompanhei o impasse das três freiras austríacas, octogenárias, que fugiram do asilo e agora podem ficar num convento — desde que larguem as redes sociais, condição que elas chamaram de “contrato-mordaça”
Fiquei feliz que a cantora Rosalía esteve entre nós
Gostei demais de uma frase de Emicida que li: “A gente vai ter que colocar perdão no horizonte — e perdoar não é fácil”
A cantora, compositora e multi artista japonesa Ichiko Aoba faz um som íntimo, frágil, uma coisa virtuosa e discreta. Ela lançou este ano, no seu oitavo álbum, com direito a uma turnê que incluiu o Royal Albert Hall, em Londres. Uma pérola.
Ilustração: Maria Eugenia
DIVIDIR PARA FORTALECER
JBS é a empresa brasileira que mais paga salários e mais distribui riqueza a fornecedores: é isso que mostra o estudo inédito FGV/Abrasca, que mostra como as companhias abertas distribuem riqueza no Brasil. Em 2024, a empresa destinou R$ 327 bilhões à sua cadeia de fornecedores e outros R$ 53 bilhões em salários e encargos, liderando os dois eixos. No ranking geral de riqueza distribuída à sociedade (que soma fornecedores, pessoal e impostos), ficou em segundo lugar.
Para o CEO global, Gilberto Tomazoni, os números confirmam a JBS como um motor econômico nos mais de 130 municípios onde atua: a cadeia vai do campo à mesa e, no meio do caminho, gira renda, fortalece parceiros e cria oportunidades.
O levantamento usou a DVA (Declaração de Valor Adicionado) para comparar 270 empresas, agrupadas em 14 setores, e dimensionar o impacto das companhias abertas na economia real. O retrato macro também impressiona: juntas, elas criaram R$ 2,1 trilhões em valor adicionado bruto (o equivalente a 17,1% do PIB), distribuíram R$ 4,1 trilhões em riqueza — sendo R$ 3 trilhões só para fornecedores —, empregaram diretamente 2,8 milhões de pessoas e pagaram R$ 475,3 bilhões em salários, benefícios e previdência. Do lado dos cofres públicos, foram R$ 639,6 bilhões em tributos, cerca de 23% de toda a arrecadação empresarial de 2024. Em linhas gerais: a JBS puxa a fila, e o estudo mostra o tamanho desse impacto no dia a dia da economia.
Para garantir a chegada da Caixa Postal todo domingo, basta adicionar caixapostal@caixapostal.news na sua lista de contatos: assim você não perde nenhuma edição!