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Tive o privilégio de assistir ao vivo, domingo passado, o pensador e escritor israelense Yuval Harari falar sobre o presente, o futuro, a inteligência artificial. Isso aconteceu no lançamento de um evento tipo SXSW, que acontece em agosto do ano que vem, no Ibirapuera, em São Paulo, em vários dos prédios do parque. Foi uma espécie de entrevista coletiva para explicar como será o festival de inovação SP2B. Mas, o que eu quero falar aqui é do prazer e do privilégio que eu senti ao ter sido escolhida para a participar desse momento, acompanhando Harari mostrar sua visão em relação a tudo que está acontecendo no mundo. Como se isso já não bastasse, ainda teve um pequeno show especial com Gilberto Gil, cantando pela primeira vez depois da morte de sua filha Preta: foi muita emoção, muita tristeza, mas também uma celebração à vida. Acho que esse pequeno retrato dessa noite de domingo no auditório Ibirapuera representa o que acontece na vida da gente: momentos de informação, de medo, de preocupação, mas também de ternura, afeto, amor, lembranças. A vida é esse caldeirão onde a mistura, às vezes, transborda e, às vezes, cozinha lentamente. Coragem é o que nos é requisitado. Força para nós. |
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ONDE VOCÊ MORA?
A gente adora culpar o lugar onde vive pelos desencontros do coração. Tipo “Ah, nessa cidade não tem gente interessante”, “aqui ninguém quer nada sério”, “todo mundo só pensa em trabalho”… Mas e se o problema não fosse o CEP, e sim as nossas próprias atitudes?
Um texto satírico da revista The New Yorker, baseado numa pesquisa fictícia, brinca dizendo que o pior lugar para encontrar o amor é exatamente onde você está. Mas, se trocarmos o humor pela reflexão, dá para tirar um ponto importante: não adianta fugir para outra cidade, outro país ou até outro continente se a gente continua repetindo os mesmos padrões.
Encontrar alguém — ou até se reconectar consigo mesmo — depende muito mais de como nos colocamos no mundo do que do código postal que carregamos. É sobre estar aberto, cultivar interesse genuíno, sair da rotina e, principalmente, não se esconder atrás de desculpas geográficas.
No fim das contas, o que faz a diferença não é Nova York, São Paulo ou uma cidadezinha no interior: é a disposição que temos para criar conexões reais. Segundo a reportagem, amor não é uma questão de mapa, mas sim de movimento.
O veredito é cruel, mas definitivo: a melhor cidade para o amor é onde o seu ex está agora, feliz da vida em um relacionamento. E você? Bem… boa sorte na próxima tentativa! Estamos aqui na torcida!
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O NOVO PLAYGROUND
Quem disse que acampamento é coisa de criança provavelmente está por fora dessa nova onda nos Estados Unidos: os “sleep-away camps” para adultos — uma tendência que mistura nostalgia com a busca por conexões significativas fora das telas. Em tempos de amizades cada vez mais virtuais e agendas lotadas, esses acampamentos surgem como uma pausa refrescante na vida adulta: três ou mais dias dedicados a brincadeiras, esportes, lareiras e... vínculos que podem durar uma vida inteira.
Segundo Liv Schreiber, fundadora do Camp Social, que é voltado para mulheres dos 20 aos 60 anos e acontece na Pensilvânia, o projeto nasceu justamente visando um espaço para criar amizades depois dos 25. E parece funcionar: 92% das participantes vão sozinhas, mas voltam com grupos de amigas, viagens combinadas e até novos colegas de quarto.
Esses acampamentos têm atividades diversas: Camp Social, por exemplo, conta com arco e flecha, escalada, tie-dye e até aulas de mixologia. A edição de três dias custa cerca de US$ 883, incluindo hospedagem, alimentação, programação intensa e pequenos mimos de alguns parceiros comerciais. Já o No Counselors, com unidades na Califórnia e Texas, tem festas, esportes e trilhas. Há ainda o Camp, no Maine, voltado ao público LGBTQIAP+, com programação de uma semana e alto índice de retorno: cerca de 75% dos participantes voltam ano após ano.
Mais do que férias, esses acampamentos oferecem algo raro na vida adulta: a chance de se reconectar com os outros — e consigo mesmo — sem pressa e sem pressão. Interessante essa ideia…
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DE VOLTA À IDADE DA PEDRA
Nada de colherinha com maçã amassada ou purê de cenoura: a nova — e controversa — moda entre alguns pais é criar os chamados “carnivore babies”. Nessa lógica, no lugar de frutas e papinhas, os bebês recebem gema de ovo cru, fígado de galinha, caldo de ossos e até pedaços de carne para exercitar a dentição. A justificativa? Muitos acreditam que uma dieta baseada em alimentos de origem animal melhora o sono, o humor e afasta os industrializados, vistos como “junk food” disfarçados em potinhos.
O movimento ganha força em grupos nas redes sociais, onde médicos e influenciadores compartilham receitas de “sorvete” de tutano ou dicas para servir coração e língua bovina. Para esses pais, se o carnívoro funciona para adultos, faria sentido para as crianças também. Mas os especialistas emitem um alerta: bebês e crianças pequenas precisam de fibras, vitamina C, antioxidantes e uma variedade de nutrientes que simplesmente não estão presentes em uma dieta centrada apenas em carne. O risco, dizem pediatras, é comprometer o desenvolvimento intestinal, a formação de tecidos e ainda criar um padrão alimentar restritivo desde cedo.
A recomendação oficial segue firme: variedade é essencial. Carnes, sim, mas lado a lado com frutas, verduras, cereais e laticínios. No prato dos pequenos, diversidade continua sendo a receita mais nutritiva — e segura dos pequenos, diversidade continua sendo a receita mais nutritiva — e segura.
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BAMBUZAL
Resiliência é uma daquelas palavras que a gente ouve tanto que quase perde o sentido. Mas, na psicologia, ela vai muito além do clichê: trata-se de habilidades que podem ser cultivadas ao longo da vida.
O psicólogo Norman Garmezy, que ficou conhecido por seu trabalho em psicopatologia do desenvolvimento, foi também pioneiro nesse olhar. Em suas pesquisas, encontrou crianças que, mesmo em situações de extrema pobreza ou abandono, conseguiam não apenas sobreviver, mas se destacar. Mais tarde, a psicóloga Emmy Werner confirmou isso em um estudo de três décadas no Havaí: entre crianças “de risco”, um terço cresceu confiante, bem-sucedido e pronto para aproveitar oportunidades.
O segredo não era um talento especial, mas a forma de enxergar o mundo. Essas crianças acreditavam que tinham algum controle sobre a própria vida — o que os especialistas chamam de “locus de controle interno”. Em vez de verem as circunstâncias como destino, viam escolhas e caminhos possíveis.
Pesquisas atuais, como as de George Bonanno, que é professor de psicologia clínica na Universidade de Columbia, mostram que não é o evento em si que define um trauma, mas a forma como o interpretamos. Uma perda pode ser só dor, ou pode também abrir espaço para novos significados. E a boa notícia é que essa lente pode ser treinada: aprender a ressignificar situações, mudar o estilo de explicação que damos para os acontecimentos e desenvolver autorregulação emocional são caminhos para cultivar resiliência.
No fim, não se trata de negar a dor ou romantizar a dificuldade, mas de encontrar espaço para transformar a experiência em algo que nos mova. Resiliência não é nascer forte — é aprender, dia após dia, a ser como o bambu: ele se curva com a força do vento, mas não se quebra. Vamos lá.
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O REINADO DOS PETS
Quem assistiu The Crown sabe: os corgis sempre roubaram a cena ao lado de Elizabeth II. Mas, antes da monarquia britânica se render de vez à raça preferida da rainha, havia outro queridinho real: o pug. A paixão começou séculos antes, com linhagens vindas da China no século XVI, e ganhou força com a rainha Vitória, que chegou a ter quase 40 desses cães de focinho achatado. E foi justamente um casal controverso que manteve viva essa tradição: o duque e a duquesa de Windsor. Depois da abdicação de Edward VIII, os dois se mudaram para Paris com um séquito de onze pugs. Wallis Simpson, em especial, transformou o quarto em um santuário canino: sofás cobertos por onze almofadas em forma de pug e, sobre a cama, um travesseiro bordado com o retrato de English, seu favorito.
Essa devoção virou peça de coleção: no famoso leilão da Sotheby’s em Nova Iorque, em 1997, parte dos mais de três mil lotes incluía essas preciosidades. Anos depois, em 2023, uma das almofadas foi novamente arrematada por US$ 3.810 — muito acima da estimativa original, de US$ 600 a US$ 800. Prova de que, entre memórias reais e os cães, a coisa continua firme e forte.
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Desejos de consumo
Para acompanhar a mostra SP-Arte Rotas, um dos meus programas preferidos do ano que estreia nesta semana em São Paulo, que fiz minhas escolhas da semana no Iguatemi. Vamos?
1 - Esta túnica de seda da Handred, inspirada em xilogravuras brasileiras, é perfeita para ocasião
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2 - E pra coroar o final do dia, que tal um chá bem aromático na volta para casa? Com essas xícaras de Tânia Bulhões o prazer é dobrado
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3 - O tamanho grande é necessário: nada melhor que essa tote mega cool da Bottega Veneta
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4 - Depois de muito bater perna, um banho e esse hidratante da La Mer: que delícia!
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5 - Conforto é fundamental, mas o charme também: a resposta? Essa sandália da Chanel
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Por trás da chef Ana Luiza Trajano há uma pesquisadora incansável, uma embaixadora da culinária brasileira e uma contadora de histórias por meio dos sabores. Neta de cearense e mineira, formada em administração e vinda de uma família tradicional do varejo, ela trocou ainda jovem esse universo familiar pelos ingredientes, movida pelo incômodo de ver a cozinha brasileira relegada ao segundo plano em eventos e celebrações. Depois de comandar por 15 anos o restaurante Brasil a Gosto, em São Paulo, e criar um instituto que leva o mesmo nome, ela agora amplia esse trabalho em outra frente: lança no próximo dia 29 a série Por Trás do Prato, no GNT e na Globoplay, onde traça um paralelo entre as cozinhas do Brasil e da França. A produção mostra que, apesar das diferenças culturais, há muito mais em comum entre um cassoulet e uma feijoada do que a gente imagina.
1. Você já percorreu mais de 60 expedições pelo Brasil. Como foi essa experiência?
Minhas primeiras expedições foram feitas para alicerçar um conhecimento profundo da cozinha brasileira, que precisava ser coerente e, por isso, feito in loco. Conforme eu viajava, percebi que esse seria um projeto de vida, porque o Brasil é muito vasto, muito rico e com inúmeras nuances. Minhas primeiras pesquisas deram origem ao meu primeiro livro e serviram de base para abrir meu restaurante, o Brasil a Gosto. Em uma época em que poucos viam valor na cozinha brasileira, ele ajudou a levá-la para um lugar de protagonismo e funcionou por mais de dez anos nos Jardins, em São Paulo. Continuei viajando constantemente para conhecer as riquezas do nosso país e esse material todo deu origem a outros três livros premiados, incluindo um glossário de ingredientes brasileiros e uma enciclopédia com 512 receitas tradicionais. Tenho muito orgulho de contar que essa bibliografia não só ajudou e ajuda ainda hoje a divulgar a cozinha brasileira, aqui e lá fora, como funcionou de literatura estrutural para cursos de pós-graduação em gastronomia brasileira. Ela é também o legado que eu construí e deixei à disposição no Instituto Brasil a Gosto, organização que fundei e que tem como missão pesquisar e divulgar o patrimônio agroalimentar brasileiro. É com o Instituto que estou lançando agora a série “Por Trás do Prato”, no GNT.
2. Quais os chefs que inspiram você, tanto na culinária brasileira quanto na estrangeira?
Chefs brasileiros que me inspiram são muitos: Janaína Torres, Bel Coelho, Neide Rigo, Mara Salles, Rodrigo Oliveira e Thiago Castanho. Na culinária estrangeira, mas que estão aqui, nomes como Benny Novak, Emmanuel Bassoleil, Claude Troisgros e Laurent Suaudeau são inspiradores. O chef que mais me inspira no exterior é o chef francês Arnaud Donckele, que inclusive é um dos entrevistados do primeiro episódio da série "Por Trás do Prato".
3. Você vive hoje na França, mas seu trabalho tem raízes profundas no Brasil. Como é equilibrar essa ponte afetiva e profissional entre os dois países?
Para mim, a melhor forma de conhecer uma cultura e um povo é justamente pela comida. Esse é o tipo de pesquisa que eu sempre fiz e que faz sentido para mim. Mudei para a França, em 2019, para mostrar para os meus filhos o outro país deles-eles são franco-brasileiros. Resolvi, então, fazer novas formações em gastronomia por lá – estudei na Ducasse Education e no Ferrandi – e, claro, viajei pela França para conhecer seus sabores de perto. Nessas viagens, descobri muitas semelhanças entre a cozinha francesa e a brasileira e, a partir disso, nasceu a série “Por Trás do Prato”. Com ela, traçamos paralelos entre as cozinhas francesa e brasileira através de pratos, ingredientes e histórias de pessoas apaixonadas pela culinária. A série é uma imersão no patrimônio alimentar dos dois países. Ela permite essa ponte entre o meu país, fruto da minha afetividade, e o país que está me recebendo nesta temporada da minha vida.
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Essa Semana Eu…
Fiquei encantada com o barrigão de Rihanna, que vestia apenas um hoodie na parte de cima
Assisti ao espetáculo “A médica”, no teatro do Masp: recomendo muito o texto e a montagem
Vi a nova coleção da Loewe, com cores e desenhos baseados na obra do artista plástico Josef Albers — maravilhoso
Como fissurada que sou em coisas de casa, fiquei encantada com esse kit de oito tigelas coloridas com toques orientais que encontrei no Magalu
Fui correndo comprar o livro de Paulo Leminski, “La vie en close”, por causa de um poema lido por Pedro Bial antes de entrevistar Alexandre Nero
Tomei dois uísques sour divinos no Spot
Descobri que uma nova tendência das unhas é pintá-las com desenhos de frutas — como essa de pêssego da artista @nail.nuha
Fiquei sabendo que o Hotel Pulso, que é um marco na hotelaria de luxo em São Paulo, está comemorando um ano da sua inauguração com o lançamento de um pijama em collab com a AVA Intimates, da estilista Letícia Romão: sou muito fã das camisolas dela
Gostei de ver a elegância e os óculos de Ana Maria Braga na edição de quinta-feira do programa de culinária “Chef de alto nível”, que ela comanda na Globo
Conheci a campanha Setembro Lilás, da Federação Brasileira das Associações de Alzheimer (Febraz), que traz o Alzheimer no centro da conversa e mostra que falar sobre demência é também falar de cuidado, afeto e consciência coletiva
Fiquei muito emocionada ao ler a reportagem sobre o livro “Ninguém morre sozinho”, que a jornalista Renata Piza escreveu sobre a morte de seu marido, Daniel Piza, a quem eu muito admirava
Encontrei com Pedro Pacífico, mais conhecido como Bookster, no evento do Nubank Ultravioleta, que teve um show intimista com Ney Matogrosso
Fui jantar com amigos no restaurante Leila, que fica dentro da loja de Tânia Bulhões, no Jardim Europa: o lugar é lindo e as endívias grelhadas, maravilhosas
Celebrei o fato da atriz Cate Blanchett ter sido escolhida como nova embaixadora da UNIQLO, marca japonesa amo demais
Visitei a Casa Ema Klabin, cujo acervo com vários Frans Post me impressionou
Descobri que alguns hotéis de luxo estão incluindo frigobares com cremes para o rosto e vários tratamentos de skincare nos quartos, que serão depois cobrados como se fosse um minibar: que ideia genial
Fiquei sonhando com as delícias do chef Cédric Grolet, que inaugurou o novo salão de chá e boutique no Hôtel de Paris Monte-Carlo, em parceria com a Monte-Carlo Société des Bains de Mer
Não consegui tirar da cabeça as duas obras maravilhosas de Vieira da Silva que Pedro Buarque trouxe de sua galeria Flexa, no Rio, para a mostra que fez em São Paulo
Caí de amores pelo headphone lançado recentemente pela Hermès
Fui afetada pela onda de carinho, amor e afeto do casal formado por Consuelo e Jarbas, na novela Vale Tudo, dançando coladinho ao som de Alcione
Fui atrás de saber mais sobre Miutine, o novo perfume da Miu Miu — sou fã confessa de Miuccia
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Justamente agora que Iggy Pop está bombando na novela das nove, nas cenas mais tórridas, resolvi resgatá-lo cantando outro clássico francês, “La vie en rose”. E o que dizer do sotaque dele? Charme é a palavra…
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RECONHECIMENTO
A picanha dos paulistanos já tem nome e sobrenome: Friboi. Pelo terceiro ano seguido, a marca da JBS conquistou o primeiro lugar na pesquisa Datafolha e foi eleita a preferida da cidade na publicação O Melhor de São Paulo Gastronomia 2025, da Folha de S.Paulo. O título reforça algo que muita gente — inclusive eu — já sabia: a combinação de tradição e qualidade da Friboi ganhou espaço cativo nas mesas da cidade.
Também a Maturatta faz parte do grupo, linha com 16 cortes especiais para churrasco – do contrafilé ao fraldão, com ou sem osso – e até hambúrguer de picanha. O reconhecimento de um público tão exigente é motivo de orgulho: “Esse prêmio é reflexo do nosso compromisso com a qualidade e da paixão que colocamos em cada corte”, afirma Anne Napoli, diretora de Marketing da JBS.
A pesquisa, feita entre abril e maio de 2025, ouviu moradores de todas as regiões da cidade e destacou as marcas favoritas em 49 categorias. Para coroar a edição, a Folha ainda reuniu grandes nomes da cena gastronômica na Pinacoteca, na última segunda-feira , em um evento que celebrou bares, restaurantes e também as marcas queridinhas dos paulistanos — com direito a patrocínio da JBS.
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Créditos das imagens e ilustrações desta edição: Maria Eugênia; reprodução Instagram; Joyce Pascowitch; Divulgação Instituto Brasil a Gosto; Istockphoto.com e Divulgação |
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