Mão na mão é amor? O luxo sem choro e a saúde que todo mundo vai querer — hello, mundo!

Os olhos estão atentos em direção ao Brasil. Os ouvidos também. O motivo é a COP 30, que discute o que mais nos angustia: o destino do planeta Terra. Enquanto minorias e maiorias mostram suas garras, o mundo continua a girar. O perrengue de Jeffrey Epstein continua atingindo Donald Trump e, ao mesmo tempo, a realeza britânica. Não, não está fácil para ninguém — parece que nunca esteve mesmo. Agora o ano está chegando ao fim e pelo menos a pausa deveria servir para nos fazer repensar e reavaliar antes de seguir em frente. É bom respirar fundo.


EU, ROBÔ

Se tem uma coisa que os últimos anos ensinaram para a elite global é que não adianta nada desfilar com uma bolsa Birkin no braço se o corpo não está acompanhando o glamour. O novo luxo — aquele luxo de verdade, silencioso e quase provocativo — virou algo que não dá para pendurar no ombro nem estacionar na garagem. Agora, o objeto de desejo é o tempo. Ou melhor: o tempo vivido com saúde, pique e a sensação de que o relógio biológico está, se não congelado, pelo menos em modo soneca.
O fenômeno é curioso porque desmonta toda a lógica clássica da ostentação. Quando se tem mais dinheiro do que ideias para gastar, chega uma hora em que os símbolos tradicionais perdem o efeito. É aí que surge essa nova corrida do ouro: a busca por longevidade
E como tudo que vira obsessão dos ultrarricos, essa onda já se transformou numa indústria trilionária. O Vale do Silício, que nunca perde uma boa oportunidade de brincar de Deus, mergulhou de cabeça no tema. Jeff Bezos, Sam Altman, Peter Thiel, todos eles colocando cifras indecentes em biotecnologia, terapias experimentais, IA aplicada ao envelhecimento e iniciativas como a Calico, que trabalha para reinventar a biologia do próprio tempo. É quase ficção científica, só que com capital de verdade.
No meio dessa febre da juventude eterna surgiram também longevity clinics, verdadeiros spas futuristas onde o check-in vem acompanhado de mapeamento genético, exames que parecem saídos de um filme. A Fountain Life — que não se define como clínica, mas como “destino de longevidade” — opera como se fosse uma central ultraluxuosa de otimização humana. Nada de massagem com pedras quentes — aqui a promessa é empurrar o fim da vida um pouquinho mais para a frente.
E tem ainda a ala radical desse culto ao tempo: os biohackers, que são pessoas que tratam o próprio corpo como se fosse um laboratório — com protocolos quase robóticos, dietas monásticas e rotinas que fariam qualquer monge tibetano suar frio. Eles tratam o corpo como uma startup, o que inclui monitoramento constante, métricas diárias, investimentos milionários em terapias que prometem desacelerar a idade dos órgãos. É o corpo visto como patrimônio — talvez o último luxo verdadeiramente irreplicável.
Mas no meio desse espetáculo tecnológico-financeiro, fica uma pergunta incômoda pairando no ar: quem é que vai conseguir acompanhar essa corrida? Porque quando a vitalidade vira produto de alto luxo, o risco de uma desigualdade ainda mais profunda aparece. É como se estivéssemos criando uma nova fronteira invisível, onde alguns podem comprar tempo e outros seguem pagando por ele da forma mais dura possível.
Essa história toda revela mais sobre nós do que sobre a ciência. Queremos viver mais, claro, mas queremos viver bem — com energia, autonomia, propósito. O luxo máximo, descobriu-se, não é ostentar. É continuar vivo o suficiente para aproveitar o que já se conquistou. A ironia? A humanidade nunca esteve tão perto de esticar a vida, mas tão longe de decidir o que fazer com ela.


LOVE STORY

Quem diria que, depois de tantas revoluções nos costumes, aplicativos, termos novos e teorias sobre o amor, a gente iria voltar para… dar as mãos? Pois é. No meio dessa vida moderna completamente doida, em que tudo parece rápido, descartável e hiperconectado, surge uma tendência curiosíssima entre os jovens: a intimidade física não é mais medida pelo sexo, mas pela mão entrelaçada. A frase que viralizou nas redes é perfeita para resumir esse acontecimento: “primeira base é sexo, segunda base é dar as mãos”. E não pense que é exagero: alguns jovens relatam que tiveram relações sexuais com mais pessoas do que aquelas com quem realmente deram as mãos.
É aquela lógica binária: ou é casual, ou é sério — e, se é casual, demonstração de afeto público é totalmente proibida. Nada de carinho, nada de beijo, e muito menos andar de mãos dadas por aí. Para a Geração Z, entrelaçar dedos virou uma bandeira silenciosa de compromisso, um gesto que anuncia: “isso aqui é mais do que um rolo”.
E é curioso pensar que nem sempre foi assim: dar as mãos já foi parte do ritual de cortejo formal nos séculos 18 e 19. Depois, no século 20, virou aquele símbolo clássico dos casais que queriam mostrar romance sem escândalo. Só que, hoje, sexo e romance se divorciaram. As pessoas transam sem a menor pretensão de um futuro a dois — então é justamente o gesto singelo e quase infantil de dar as mãos que passa a carregar o peso do compromisso.
Mas tem também o fator psicológico, que talvez explique quase tudo: vulnerabilidade. Dar as mãos é expor o sentimento ali, no meio da rua, sem filtro, sem meme, sem emoji para suavizar. É dizer “eu gosto de você” com o corpo. E, convenhamos, vulnerabilidade não anda na moda — ninguém quer parecer desesperado, carente, apaixonado. Tanto que muita gente confessa atrasar mensagens de propósito só para não entregar o jogo. No fundo, é tudo uma coreografia de poder emocional. Fingir desapego é uma forma de se proteger do risco de gostar mais do que o outro. Mas, ironicamente, é justamente esse receio que afasta as conexões profundas que todo mundo busca.
O que parece é que essas pessoas esquecem o básico: amor exige coragem. Exige entrega. Exige, sim, o risco de parecer cafona. E segurar a mão de alguém pode ser o ato mais revolucionário da era dos matches e dos rolos descartáveis. Porque, quando você entrelaça os dedos, não tem como fingir que não está ali. É o momento em que o coração — finalmente — aparece.

MERCI BEAUCOUP

Sim, o luxo anda meio fora da realidade, né? Já faz tempo que os preços das grandes maisons viraram um tipo de ficção científica — e não é exagero dizer isso. Uma bolsa clássica da Chanel, por exemplo, pode custar cerca de €10.000 (em torno de R$61.087). E aí fica a pergunta: será que estamos pagando por qualidade ou por um bom storytelling? Pois parece que a França está pronta para responder — e de um jeito bem mais pé no chão.
Uma nova geração de marcas francesas vem surgindo nos últimos anos para desafiar esse modelo inflacionado do luxo tradicional. São nomes como Sézane, Polène, Soeur — sou fã dessa marca especificamente —, Ami Paris e Loulou de Saison, que apostam no que eles chamam de smart luxury — ou “o luxo que faz sentido”. Ou seja, roupas e acessórios de alta qualidade, produzidos com responsabilidade e design impecável, mas com preços que não pedem um empréstimo bancário.
A fundadora da Sézane, Morgane Sézalory, resume bem o espírito dessa revolução: vestir com honestidade. E honestidade aqui é sinônimo de custo justo, boa procedência e transparência. Nada de pagar por campanhas cinematográficas ou logotipos gigantes — o valor está na peça, não na etiqueta. Essas marcas encontraram um meio-termo raro: ficam acima do fast fashion, mas não se distanciam tanto do público como as grifes milionárias. E fazem isso sem abrir mão do charme francês — aquele equilíbrio quase mágico entre o despretensioso e o elegante, o famoso “acordei linda sem fazer esforço”. A Loulou de Saison, por exemplo, seduz com vestidos de seda que poderiam estar em um editorial da Vogue, mas com preço de realidade possível.
Outra coisa que explica o sucesso desse novo luxo é a internet. Enquanto as grandes casas seguem apostando em lojas monumentais, vitrines douradas e experiências de compra quase teatrais, essas marcas abraçaram o poder do online. A Sézane, que hoje fatura cerca de €500 milhões (cerca de R$3 bilhões), vende praticamente tudo direto pelo próprio site e mantém poucas lojas físicas em cidades estratégicas como Londres, Nashville e Madri. Já a Loulou de Saison encontrou no atacado uma forma de crescer com consistência, aproveitando que até os compradores mais tradicionais estão reavaliando onde colocar seu dinheiro.
E o mais interessante é que, para esse novo grupo, a corrida não é por ser a marca mais trendy do momento. Como um especialista comentou, a ideia é ser “fashionable” o suficiente — para quem gosta de moda, mas não vive em função dela. Um refresco e tanto num mundo em que as microtendências mudam mais rápido que o clima.
O recado é claro: dá para ser chique, consciente e ainda assim fiel ao bom senso. O novo luxo francês é sobre saber escolher bem — e, finalmente, poder dizer “valeu cada centavo” sem precisar suspirar antes da fatura chegar.


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VIVA A DIFERENÇA!

Ah, o glorioso caos da vida de solteira… Se dependesse das histórias que circulam por aí, daria para escrever uma trilogia inteira sobre encontros desastrosos. Mas eis que, como num plot twist digno de comédia romântica moderna, surge uma tendência inesperada: mulheres estão, sem medo algum, abrindo o coração — e a agenda — para homens mais jovens.
E não é só conversa de TikTok, não. Tem depoimento, tem caso concreto, tem celebridade entregando o jogo. Charlize Theron, por exemplo, saiu com um rapaz de 26 anos e descreveu a experiência como “realmente incrível”. Uma outra atriz, menos famosa, Kathy Griffin, aos 64, se apaixonou por um de 23. Aqui no Brasil também temos alguns exemplos, talvez não com tanta diferença de idade, mas com casais onde o companheiro é bem mais jovem… E de repente a internet inteira começou a notar que, talvez, só talvez, o segredo do namoro feliz estivesse logo ali, numa faixa etária que muita gente nem considerava.
O curioso é que, antes desse movimento ganhar força, a ideia costumava provocar arrepios. Muitas mulheres cresceram com aquela regra tácita de que o “ideal” seria um homem da mesma idade ou mais velho. Mas quando elas mergulham na experiência, algo muda. Para começo de conversa, o sexo. A comparação é quase cinematográfica: enquanto alguns homens mais velhos foram descritos como um “peixe mole”, os mais jovens ganharam apelidos como “Hércules” — eles chegam sem amarras, sem manual antigo, sem medo de experimentar. O quarto vira menos palco de performance e mais território de parceria.
E não é só isso. Muita gente relata que se sente mais segura emocionalmente com homens mais novos. Eles falam de sentimentos, pedem desculpas, marcam terapia e — pasme — comparecem na terapia. Para mulheres financeiramente bem posicionadas, isso pesa também: os mais jovens não parecem intimidados pelo sucesso delas.
Entre as recém-divorciadas, então, esse fenômeno soa quase como férias emocionais. Depois de tantos encontros com homens que vêm acompanhados de ex-esposa, filhos crescidos e contas de aposentadoria, cair na graça de um rapaz de vinte e poucos — que paquerou no corredor do supermercado, veja bem — é um sopro de vida nova. Mas claro, o pacote inclui pequenos desafios geracionais: perder o celular no Uber com certa frequência, comentar durante horas sobre videogame ou ter a ex adolescente dele assistindo seus Stories como se fosse filme da Marvel.
Mesmo assim, o saldo geral é positivo. Algumas mulheres relatam que precisaram “moldar um namorado”, cortando bandana, trocando calça camuflada e introduzindo o básico de vinho, mas ainda assim preferem mil vezes essa leveza. Porque não se trata de biologia, relógio, convenção ou aprovação dos outros: é sobre encontrar uma dinâmica onde a mulher pode, finalmente, ocupar o centro do palco sem culpa nem disputa.

E convenhamos: se existe uma era perfeita para experimentar esse tipo de liberdade, é agora.


PALMAS PARA ELA

Quem poderia imaginar que, no fundo do glamour hollywoodiano, a verdadeira musa de Kim Kardashian não seria uma designer de moda, uma maquiadora visionária ou uma personal stylist milionária? Mas sim a advogada que cuidou de seu divórcio? Pois é, o mundo dá voltas, a ficção imita a vida e, às vezes, é a vida que entrega tramas dignas de um roteiro premiado. No centro desse universo, está Laura Wasser, uma mulher que, aos 57 anos, conquistou algo raríssimo: virar tão interessante quanto as celebridades que atende.
A clientela dela parece mais uma after-party do Oscar do que uma lista jurídica: Kim Kardashian, Angelina Jolie, Kevin Costner, Ariana Grande — se o amor azedou em Hollywood, há grandes chances de que Laura estivesse ali para aparar as pontas (e os egos). E tudo isso a partir de um escritório que foge totalmente do estereótipo: cadeiras turquesa vibrantes, uma foto de um casal pós-sexo emoldurada com orgulho e um print de Ed Ruscha em gótico anunciando “THE END”. Ela jura que tem senso de humor — e aparentemente tem mesmo.

O impacto de seu trabalho é tanto que se multiplicou pela ficção. Em “História de um Casamento”, Laura Dern interpretou uma personagem inspirada nela. E, apesar dessa aura pop, sua filosofia é surpreendentemente simples: normalizar o divórcio. Seu livro “It Doesn’t Have to Be That Way” carrega essa bandeira, inspirada pela separação pacífica dos próprios pais, que se divorciaram quando ela tinha 16 anos e seguiram amigos. Talvez por isso ela tenha essa habilidade de desinflar dramas. Ela não hesita em recusar clientes — inclusive famosos — quando percebe expectativas irreais. Foi assim quando deixou a representação de Britney Spears em 2007, no auge do caos midiático.
Sua vida pessoal segue esse mesmo script descomplicado. Ela tem dois filhos, com dois pais diferentes, a quem chama carinhosamente de Papai Bebê nº 1 e Papai Bebê nº 2. Nada de batalhas judiciais, guardas compartilhadas explosivas ou advogados concorrentes. Eles simplesmente se organizam e funcionam — tão bem que vão passar o Thanksgiving juntos em Londres, com direito ao novo namorado de Wasser sentado também na mesa.
Laura Wasser é isso: uma mulher que sabe rir da própria fama, que transformou o divórcio em uma conversa possível e que, no meio do ruído hollywoodiano, parece ser a pessoa mais sensata da sala.


Desejos de consumo

Um dos últimos feriados do ano está se aproximando, e é bom a gente aproveitar! Eu já estou me organizando — praia? campo?— e pensando nisso, fiz minhas escolhas esta semana no Iguatemi.

Na montagem acima, imagem de David Hockney, Pearlblossom Hwy, 1986

1 - Esse conjunto meio pijama da Lenny serve para qualquer hora do dia, um coringa

2 - Essas sandálias tipo relax da Louis Vuitton são a cara do fim de semana!

3 - Só mesmo Antonio Bernardo para criar esse brinco solar com quartzo negro: que elegante…

4 - Faça chuva ou faça sol, não tem tempo feio para esses óculos da Osklen — que charme!

5 - Para carregar tudo que a gente precisa para os dias de sossego, nada melhor que essa bolsa tressée da Bottega Veneta

A convidada desta semana é a Marcela McGowan.

A conversa com ela foi daquelas que esclarecem muita coisa. Falamos sobre desejo, culpa, amadurecimento, relações, menopausa, autonomia… e sobre como tantas mulheres ainda crescem sem entender o próprio prazer — ou até com vergonha dele.

Marcela tem uma forma muito direta e acolhedora de explicar o que ninguém ensinou pra gente. Ela coloca luz onde costuma existir silêncio, e faz isso sem drama, sem tabu, sem vergonha.

Foi um papo importante e muito esclarecedor.

Assista no YouTube: https://youtu.be/svG9mCxVTLU


3 perguntas para

Zé Ricardo é o cérebro por trás da curadoria de dois dos maiores festivais do país. Vice-presidente artístico da Rock World (a empresa do Rock in Rio e do The Town), ele ficou conhecido por criar experiências que contam histórias — não só por escalar headliners, mas por amarrar dias temáticos, encontros improváveis e uma lógica de palco em que cada atração está no “lugar certo, na hora certa”. Foi um dos arquitetos do conceito de encontros que marcaram o Palco Sunset no Rock in Rio e, no The Town, assina uma curadoria com sotaque paulistano: cenários que homenageiam a cidade, artes plásticas espalhadas pelos espaços e decisões que colocam pertencimento no centro. Artista ele mesmo, cantor e compositor, Zé diz que “estacionou” a própria carreira para cumprir uma missão: lançar pontes, dar a mão e impulsionar trajetórias.

1. Como você desenha o line-up de um festival tendo em vista a experiência que você quer proporcionar?

Eu acho que um line-up de um festival da magnitude do The Town precisa ser um espelho da nossa sociedade. As pessoas precisam sentir que aquele festival é delas. Eu acho que o mais difícil não é achar o artista certo, aquele que vende ingresso. Eu acho que o mais difícil é você fazer com que uma cidade, um público abrace um festival. Quando a gente traz o palco Quebrada para o The Town a intenção é aproximar mais pessoas do festival -porque é impossível você falar de São Paulo sem falar de periferia. Então, eu acho que o palco Quebrada também amplia um pouco da visão da sociedade sobre o que é quebrada: quanto de cultura, de talento e de empreendedorismo tem nesses lugares que, muitas vezes, são vistos só pelos problemas que existem.

Eu acho que a experiência do festival passa por isso, das pessoas poderem experimentar coisas diferentes porque, na verdade, um festival não é sobre o que você gosta ou sobre o que você quer. É sobre o que você não sabe que precisa na sua vida. Se você entra num festival e sai exatamente igual, a curadoria foi ruim. Você precisa sair de um festival com algo que você não tinha antes.

2. Como você constrói a identidade do The Town para não virar “um Rock in Rio em SP”, e sim um festival com sotaque próprio?

O The Town foi um festival criado pelo Roberto Medina, nosso presidente, para homenagear São Paulo. Então, ele já é um festival diferente por isso, porque ele foi criado para homenagear uma cidade. Os nossos palcos têm muitas referências de lugares icônicos de São Paulo justamente para a gente trazer essa identidade. E eu acho que cada palco, quando ele é pensado artisticamente, ele já nasce com uma identidade que o difere do Rock in Rio.

Eu acho que o que aproxima os dois é o tamanho — já que são dois festivais gigantes — mas cada um tem uma narrativa totalmente diferente. O The Town traz artes plásticas para o festival em vários palcos, em vários backstages. Ele tem uma pegada mais conectada com a cidade e isso eu percebo que cresce a cada edição: nessa segunda, eu percebi que o público de São Paulo estava sentindo que o festival era dele.

3. Você fala que a curadoria de um festival envolve “muitos ‘nãos’ e vários ‘sims’”. Qual “não” foi mais doloroso?

Quando a gente tá fazendo um line-up de um festival com vários palcos, eu abro a minha planilha e falo: "Meu Deus, eu vou encher de todos os artistas que eu quero". E quando eu acabo de montar essa planilha, ainda faltam 60 artistas que eu gostaria de chamar. Vem aquela frustração e eu penso: "Não é possível que eu não vou conseguir chamar aquela pessoa".
Então, mais do que falar um “não”, existe uma sensação que eu tenho como vice-presidente artístico, mas responsável pela curadoria, que é uma alegria imensa, uma felicidade gigantesca de poder propor:"Ah, você vem ver a Katy Perry? Olha aqui a IZA. Ah, você vem ver a IZA? Olha aqui a Stephanie". Isso para que a pessoa saia dali com coisas que ela não tinha antes. A minha intenção dentro de uma construção de narrativa é ampliar ao máximo a capacidade que as pessoas têm de absorver novas coisas, mesmo num lugar de tanta distração, porque tem muita coisa de qualidade para ver.
Na outra ponta, o artista pensa: "Pô, o Zé Ricardo não gosta de mim, o The Town não gosta de mim, o Rock in Rio acha que meu trabalho não é bom o suficiente". E não tem nada a ver, porque uma construção bem feita de um line-up exige o artista certo, no dia certo, no horário certo e no posicionamento certo. Existem festivais que agem com contratação, ou seja, quem tem a agenda livre, vai sendo encaixado ali. Já os nossos festivais, eu construo com uma direção artística e uma curadoria rigorosa em termos de posicionamento e dia. Quando eu faço um dia da mulher, só com mulheres em todos os palcos, eu estou colocando as pessoas para pensar. Quando eu faço um dia como o dia do Divino Feminino, que eram só mulheres, e coloco a Glória Groove, eu abro uma discussão imensa nas redes sociais para que as pessoas possam falar sobre a influência feminina. Quando eu faço um dia em que eu tenho Matuê, Ney Matogrosso, Leon Bridges e Seu Jorge, eu estou falando com diversas idades e dizendo que você pode ir no festival com o seu pai, com o seu avô… e que o festival é para todo mundo. São muitas narrativas que a gente provoca.
Além disso, a curadoria defende e protege o artista, além de proteger o festival. Então, um artista que tá no meu line-up não vai ser vaiado porque ele tá no dia certo, na hora certa, foi tudo preparado para que ele esteja ali daquele jeito. Os nãos são muito doloridos porque a gente quer chamar todos os artistas que a gente imagina que o nosso público merece, mas a gente não tem slot para isso. E eu acredito muito que esses nãos são temporários, porque numa edição eu não posso chamar, mas na outra eu posso. E as minhas decisões são todas baseadas no que aquele dia precisa ter para encantar e conectar o nosso público.

Direto do meu Instagram

Essa Semana Eu…

Comemorei a conquista da Ana Maria Gonçalves, a primeira mulher negra eleita na Academia Brasileira de Letras


Fiquei encantada com a collab de Isabela Capeto com a Branco.Casa — sonhando com o edredom de oncinha


Fui embalada pelo canto de Marisa Monte acompanhada de uma orquestra em apresentação ao ar livre, no auditório do Ibirapuera


Finalizei, com meu professor de literatura, nosso ciclo de Fernando Pessoa e heterônimos — já estou ansiosa com a próxima aula, quando vamos retomar Byung-Chul Han


Estive no animado almoço de aniversário de Fernanda Pires no Almanara novo do Iguatemi: como é bom rever amigas queridas


Participei do lançamento da nova coleção de joias da Prasi — e ainda ganhei um brinco: um piercing de ouro branco, numa pescaria igual àquelas de parques de diversão


Não consegui comparecer ao lançamento do livro “A velha e o mar”, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho, mas recebi uma cópia autografada pela autora Lucia Cortez Mendonça


Achei engraçada a collab do estilista japonês Issey Miyake e Apple: um porta-celular mega colorido com o tradicional plissado da marca

Notei que isso deve ser uma onda: conheci a Nike Mind, nova plataforma de tênis Nike, baseada na neurociência — quero o meu já


Recebi, de meu amigo Alberto Renault, o convite para a apresentação do filme que ele dirigiu sobre a obra da fotógrafa Anna Mariani — na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa


Gostei de saber que a Fortes D’Aloia & Gabriel vai abrir uma nova galeria nos Jardins — a estreia terá uma exposição de Luiz Zerbini


Ganhei cinco caramelos da minha loja preferida de Tóquio, Number Sugar — gostaria de ter ganhado mais 50


Fui dormir encantada com a conversa do ex-prefeito de Salvador Mário Kertész e da fotógrafa Arlete Soares com Pedro Bial


Vi Michelle Obama, de Prada, retumbante em uma aparição em Nova York


Fiquei sonhando em experimentar o novo restaurante JNcQUOI Fish, na minha próxima viagem a Lisboa


Achei engraçada a informação que existem uns retiros, tipo clubes, na Holanda, onde as pessoas ficam 48 horas sem celular, sem despertador e sem nenhuma meta além de ler, caminhar devagar e deixar a mente descansar — parece quase um ato de rebeldia, não?


Acabei de assistir à série “Os Donos do Jogo”, da Netflix — gostei principalmente de André Lamoglia e Mel Maia, além de Chico Díaz, Otavio Muller, Juliana Paes e Xamã, é claro


Recebi, na minha casa, Marina Lima para uma deliciosa entrevista para o meu canal no YouTube


Gostei muito dos dois episódios de Adriane Galisteu, na série "Meu Ayrton por Adriane Galisteu", contando sua versão da história que viveu com Ayrton Senna, dirigidos por João Wainer: bonito, sincero e emocionante

Li que pela primeira vez, o Buckingham Palace abriu os portões para uma lojinha pop-up de Natal no Royal Mews, em meio às cocheiras e carruagens usadas pela família real — como eu queria comprar uns presentinhos de fim de ano lá!

Recebi amigos queridos para um pequeno jantar em casa: a salada de endívias e vagens foi uma das estrelas do cardápio

Fiquei muito triste e sensível na data que marcou os dois anos sem minha mãe — como é difícil, como ela faz falta

Num mundo conectado onde as novidades pipocam a cada dia, acaba de surgir uma que chamou minha atenção: é uma proposta inovadora no cenário editorial brasileiro porque oferece uma plataforma que possibilita que qualquer pessoa possa transformar suas memórias, experiências e trajetória pessoal e profissional em livro — digital ou impresso. Quem está fazendo isso é a OcaBooks, selo de biografias da editora Afluente, de Julius Wiedemann, editor brasileiro que entre tantas ideias inovadoras, foi diretor de publicações digitais na editora Taschen, conhecida no mundo todo. A ideia é inusitada: combina inteligência artificial e

design com a democratização da publicação de uma autobiografia — explicando melhor, amplia o acesso ao livro como forma de legado e de preservação de memória.

O processo é simples: em texto ou áudio, os usuários compartilham suas histórias com a plataforma, que apoiada pela inteligência artificial, organiza o conteúdo, sugere estruturas e acompanha o autor até a versão final do livro, quando ele estará pronto para a publicação — seja em formato digital ou mesmo físico. Isso é bem mais do que apenas uma ferramenta, mas um espaço de valorização da narrativa individual da pessoa. Serve para autores iniciantes e também para empresas e instituições interessadas em registrar suas trajetórias, suas histórias. E o melhor: permite que o autor participe ativamente de todas as etapas, possibilitando que cada um possa contar sua própria historia e deixar seu legado.

video preview

Na semana em que se tornou a grande estrela do Grammy Latino, Liniker ganha nossa homenagem mais do que justa: aqui, cantando em inglês um sucesso de Gilberto Gil.

DESAFIO QUE VIRA
OPORTUNIDADE

Curioso: um resíduo que antes era só… resíduo, virou protagonista na Europa. A JBS Couros começou a enviar para a Itália 550 toneladas por mês do farelo de rebaixe — aquele material que sobra quando o couro é ajustado até a espessura ideal. Lá, ele entra na fabricação de fertilizantes e, de quebra, ajuda a reduzir a pegada de carbono dos artigos da empresa em até 25%. Nada mal para algo que, até pouco tempo atrás, não tinha esse destino nobre.


Essa mudança faz parte de um movimento maior da companhia de aproveitar tudo da matéria-prima. Como no caso do Kind Leather, lançado em 2019, que já tinha invertido a lógica ao retirar as partes menos aproveitáveis da pele logo no início do processo, convertendo o que seria descartado em coproduto para outras indústrias — e reduzindo água, energia e resíduos no caminho. Tudo isso ganha escala quando a gente entende o tamanho da operação: as 21 unidades da JBS Couros, espalhadas por quatro continentes, processam milhões de peles todos os anos. É um trabalho meticuloso, pensado para entregar um material de alto valor agregado e com rastreabilidade real, algo que setores mais exigentes do mercado não abrem mão.

E, claro, tem o toque italiano para fechar esse roteiro internacional. A Conceria Priante, unidade da JBS na Itália, funciona como uma espécie de laboratório criativo onde surgem acabamentos, cores e texturas que depois aparecem em marcas globais. Estar perto dos grandes polos de design do mundo permite antecipar tendências e desenvolver soluções que acabam influenciando o setor inteiro. A história é sobre ressignificar o couro — de subproduto a ativo elegante, durável e tecnológico — enquanto a empresa avança em economia circular e reinventa a eficiência da cadeia. Uma daquelas iniciativas que mostram que inovação, quando bem pensada, realmente não tem fronteira.

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