Bienal: arte sem fronteiras / Fotos: Joyce Pascowitch
Quinta-feira foi o dia da abertura da 33ª Bienal e eu tive a sorte de estar lá bem às 5h da tarde, quando os portões foram destrancados. Foi uma experiência muito interessante tudo isso: logo na entrada, com uma manifestação em homenagem à natureza, e depois poder circular por todo aquele espaço ainda bastante vazio — já que os convidados iam chegando aos poucos. Como é bom sentir o Brasil fazendo parte do circuito internacional de arte. Antes de ir pra lá, fui tomar um chá com um amigo e dei de cara com o filósofo e escritor inglês John Armstrong, que veio dar uma palestra na própria Bienal e também na School of Life. Ele ajudou a fundar a escola em Londres, junto de Alain de Botton. O engraçado é que eu estava justamente atrás de um ingresso para assisti-lo. E acabei encontrando o próprio sem querer…. Eu tinha vindo de um fim de semana dos sonhos em Campos do Jordão, hospedada no hotel Toriba, um oásis de qualidade neste país. Circulei entre flores e canteiros coloridos pelo jardim, respirei profundamente. Acompanhei um pôr do sol de cinema instalada dentro do chalé onde estava hospedada, todo envidraçado e com piso aquecido. Cheguei à conclusão que tudo que é feito com cuidado, qualidade, foco, empatia e carinho acaba dando certo. Isso serve para a vida. Para o mundo real. E para essa utopia chamada arte.
Toriba em Campos: todas as cores / Fotos: Joyce Pascowitch
Ilustração: Maria Eugenia
PARA VIVER MELHOR
Você já parou pra pensar o que significa ter uma vida boa de verdade? Por muito tempo, a gente ouviu que existiam dois jeitos de chegar lá: ou você busca a vida feliz (com conforto, alegria e momentos leves), ou a vida significativa (com propósito e impacto no mundo). Mas agora, pesquisadores como o psicólogo Shigehiro Oishi, da Universidade de Chicago, têm mostrado que talvez exista um terceiro caminho — e ele é fascinante: a tal da vida psicologicamente rica. Funciona assim: em vez de acumular só momentos felizes ou conquistas cheias de sentido, é sobre colecionar histórias inesperadas, experiências que mudam nosso jeito de ver o mundo e até aquele friozinho na barriga de sair da zona de conforto. Não é sempre gostoso, mas rende capítulos interessantes. Afinal, nenhuma boa história é feita só de calmaria, de vento a favor, certo? Sabe aquela amiga que volta de uma viagem com mil perrengues e, mesmo assim, você fica grudado ouvindo cada detalhe? Então, é justamente sobre isso. Uma pessoa que, no leito de morte, não resume sua história a “foi divertido” ou “fiz diferença”, mas sim a uma constatação tipo: “Que jornada…”. E o melhor dessa história: dá pra cultivar isso e começar a traçar esse caminho. O truque? Brincar mais, topar experiências novas (mesmo que meio fora da curva), ousar mais, abraçar o desconforto como sinal de crescimento e registrar tudo – seja num diário, numa foto ou naquela memória que vira piada interna entre amigos. No final das contas, a vida psicologicamente rica não é sobre perfeição, mas sim, sobre se arriscar. Como dizia Guimarães Rosa: o que a vida quer da gente é coragem.
Reviravolta no aprender / Fotos: reprodução Instagram; Istockphoto.com
NOVO MUNDO
Você já pensou como teria sido sua vida universitária se tivesse tido acesso ao ChatGPT? Pois é exatamente isso que tem acontecido mundo afora: a inteligência artificial já não é mais uma novidade, é o ar que os campus respiram. Os estudantes que estão colando grau agora passaram quase a faculdade inteira com o ChatGPT à disposição — lançado em novembro de 2022, quando eles ainda eram calouros. Hoje, o uso é quase automático: de acordo com a The Atlantic, em Harvard, dois terços dos alunos já recorrem à IA semanalmente. No Reino Unido, o número chega a impressionantes 92%. Não é truque de copiar e colar, é hábito — tão corriqueiro quanto abrir o Instagram no intervalo. E não pense que a motivação é só “ganhar tempo”. Em um mercado de trabalho cada vez mais competitivo, a IA virou aliada para caber mais coisa na agenda: estágios, pesquisa, nota alta, networking. É o famoso “time shift”: comprimir tarefas para abrir espaço e turbinar o currículo. Enquanto isso, muitos professores ainda tentam frear a onda com soluções analógicas: provas à mão, menos trabalhos de casa, salas mais presenciais. A questão é que essa resistência pode fazer a universidade soar antiquada. A ironia: nos bastidores, boa parte do corpo docente também anda testando a IA para agilizar cartas de recomendação, montar ementas e até corrigir provas. Os alunos, por outro lado, pedem uma mudança real de rota: menos redações para nota e mais projetos que dialoguem com o mundo lá fora, mais debates e menos fórmulas prontas. No fim, o jogo é claro: universidade ou IA, o que vai valer é a disposição de cada um em arregaçar as mangas e transformar a experiência em aprendizado de verdade. Aí sim cada um vai mostrar a que veio.
A história era assim: os Millennials cresceram com a ideia de que viajar era mais do que lazer e sim, um projeto de vida, uma parte da personalidade. Agora, com filhos, essa geração está tentando transmitir o mesmo valor às crianças, transformando férias em experiências “formativas” que vão muito além de tirar fotos bonitas. Mas o resultado disso, muitas vezes, é menos sobre descanso e mais sobre ansiedade dos pais. Explicando melhor: para muitos, levar os filhos para ver o mundo virou uma missão — estimular empatia, inteligência emocional, flexibilidade e até preparo para o mercado de trabalho do futuro. Pais organizam viagens ao sul da África para ensinar “conscientização humanitária” ou voam para Okinawa em busca de lições sobre história e imperialismo. A intenção é nobre — mas também pode ser exaustiva e bastante cara. Afinal, a conta dessas aventuras costuma vir em forma de dívidas, especialmente porque Millennials são, ao mesmo tempo, os que mais querem viajar e os que menos podem pagar por isso. E há ainda a dúvida: será que funciona? Crianças pequenas, afinal, podem preferir brincar no quarto do hotel a uma aula improvisada sobre cultura local. Sem falar que, enquanto a parentalidade já é um trabalho 24/7, essas férias “orientadas a objetivos” não costumam oferecer o merecido descanso. Especialistas lembram que, para os pequenos, a mágica pode estar nas micro-aventuras: pegar um metrô para um museu, correr no parque, brincar no quintal. Talvez essa seja a lição: não é sempre o destino que conta, mas a capacidade de se maravilhar até pelas pequenas experiências.
O luxo de verdade / Fotos: reprodução Instagram
COM OS DOIS PÉS NO CHÃO
Tá sentindo no ar? O mundo do luxo, que sempre pareceu inabalável, está passando por um “vibe shift” daqueles. As grandes grifes, acostumadas a crescer num ritmo duas vezes mais rápido que a economia mundial, agora encaram uma freada brusca: 2024 já entrou para a história como o pior ano desde a crise de 2008. Marcas como Louis Vuitton e Dior viram suas vendas de moda e couro caírem 9% no segundo trimestre. E a lista de motivos é longa: turistas – especialmente os chineses, antes fãs de viagens com compras estratégicas no Japão – estão gastando menos; consumidores estão “digerindo” os excessos da pandemia e até as bolsas, antes os maiores desejos de consumo, perderam um pouco do charme depois de tantas altas de preço. Quem ainda segue firme? As joias, que parecem oferecer mais “valor pelo dinheiro”. E a Geração Z? Essa não perdoa: no último ano, cortou 7% dos gastos com luxo, muito por conta das polêmicas envolvendo abusos nas cadeias de produção e pela percepção de que algumas margens beiram o absurdo. Nas redes, o engajamento das marcas despencou – hoje é menos da metade do que era em 2022. O hype agora? Os vestidos vintage em tapetes vermelhos, sinal de que status pode estar mais ligado à raridade do que ao logotipo estampado. Enquanto isso, os “superfakes” – réplicas tão bem feitas que enganam até o olhar mais treinado – também entram no jogo, minando a aura de exclusividade. E cada vez mais consumidores querem investir em experiências: viagens, bem-estar, memórias. Até a noção de sucesso anda mudando: pagar dívidas, conquistar liberdade financeira e viver com mais simplicidade pode ser o novo luxo. A pergunta que fica é: será só uma fase ou estamos realmente presenciando uma redefinição completa do que significa luxo?
Ilustração: Maria Eugenia
CONTOS DE FADAS?
Se você achava que já tinha ouvido de tudo no dicionário moderno do namoro, prepare-se: essa nova geração acaba de inventar o "Shrekking". E não, não é maratonar todos os filmes do Shrek no fim de semana. É bem pior. A lógica é a seguinte: você decide namorar alguém por quem não sente muita atração física, pensando que, por não ser exatamente um “galã” ou a “musa” sonhada, essa pessoa vai te tratar como realeza, da forma que aconteceu com Fiona e Shrek. Só que aí vem o plot twist: em vez de ganhar um “felizes para sempre”, você descobre que o ogro também pode partir corações. Na prática, ser “Shrekked” é levar o fora ou ser maltratado justamente por quem você achava que ia te valorizar só porque você “baixou os padrões”. Claro que a ideia não é nova: muita gente já tentou deixar a aparência em segundo plano, esperando que a atração surgisse depois. Mas achar que alguém “menos bonito” vai automaticamente te tratar melhor é tão ilusório quanto acreditar que cebola sem casca não faz chorar. Moral da história? O problema não está em sair do seu “tipo” ou dar uma chance diferente. O problema está em achar que a aparência define caráter. Spoiler: não define. Então, se você já foi “Shrekked”, não corra de volta para o estereótipo de galã ou parceiro dos sonhos. Use a experiência como lição: mais importante que beleza é encontrar alguém com valores e caráter alinhados com os seus. E lembre-se: no amor, não é porque a pessoa parece Shrek que ela vai te tratar como Fiona. Fica a dica.
Fotos: Divulgação; reprodução Instagram
Desejos de consumo
Embora o festival de Veneza tenha chegado ao fim ontem, confesso que a minha semana foi permeada por notícias, fotos e detalhes dos figurinos dos sonhos que as estrelas desfilaram por lá. Embalada por essa ideia, fiz as minhas escolhas da semana no Iguatemi.
Na montagem acima, imagem de Peggy Guggenheim no terraço do Palazzo Venier dei Leoni, no início da década de 1950
1 - O vestido do Reinaldo Lourenço é aquele clássico ousado, digno de um tapete vermelho
2 - Esse bracelete da Cartier dispensa apresentações: classe na veia!
3 - Ah, e essa bolsa Rabanne da NK Store? Chama atenção em qualquer tipo de chegada…
4 - Beleza também é vida e por isso, todo cuidado é pouco: com esse hidratante da Clinique, o glow está garantido
5 - Com uma mule dessas de Alexandre Birman vale até caminhar nas nuvens…
Foto: Renata Parada
3 perguntas para
Nos últimos tempos, seu nome está sendo muito falado por todos os lados: com uma trajetória dedicada a decifrar o comportamento humano através da antropologia do consumo, Michel Alcoforado lançou — com muito sucesso e vendas lá em cima — o livro “Coisa de Rico: A vida dos endinheirados brasileiros", resultado de 15 anos de pesquisa com a elite mais abastada do país. Ao longo da imersão, ousadia e olho clinico, ele se transformou — emagreceu e mudou seu modo de vestir para ser mais bem aceito entre seus futuros entrevistados — e ultrapassou o papel de mero observador e se tornou, ele próprio, um “objeto de luxo”: começou a ser convidado para festas, jantares e viagens. O resultado desse trabalho todo? Um panorama interessante e real dos ricos deste país.
1. O que motivou você a dedicar 15 anos a pesquisar a elite brasileira?
Na antropologia, não é a gente que escolhe o tema. É o tema que escolhe a gente. Eu fui capturado por esse universo quando estava por acaso no aeroporto de Miami, fugindo do frio no Canadá, onde eu morava na ocasião, e um evento me perturbou e colocou em xeque a forma como eu enxergava o Brasil. A elite brasileira, com seus rituais, consumos e silêncios, me desafiou a entender como o poder se organiza e se reproduz no cotidiano. Desde então, esse enigma nunca mais me largou.
2. Como você conseguiu adentrar esse universo? Quais foram os momentos mais surpreendentes desse tempo e, afinal, qual a melhor e a pior coisa de ser rico?
Isso só foi possível após um processo de formação e autotransformação. Tive que mudar desde o guarda-roupa até o comportamento, a forma que falo, emagreci 40 quilos para caber nesse roteiro. Estudei os códigos e as estruturas secretas que regem o mundo dos ricos. A melhor coisa se ser rico é o acesso ao que se deseja e a pior é o trabalho que dá para se manter no topo, além do esforço para manter os outros — os que estão de fora — à distância.
3. Por que os ricos nunca se consideram ricos e, ao mesmo tempo, muita gente tenta parecer mais do que é?
No Brasil, "rico é sempre o outro". Isso acontece porque a gente vê o rico como aquele "que tem mais do que precisa". Mas quando olhamos para nossas próprias vidas, todos os nossos gastos são tidos como conforto ou necessidade. Os gastos do vizinho é que julgamos como supérfluos, nunca os nossos. Daí a ideia de que o Outro é que tem mais dinheiro, que é rico de verdade, porque "gasta muito mais" ou "tem muito mais".
Descobri que a equipe de White Lotus já está arrumando as malas para a próxima temporada, na França, desta vez provavelmente em um daqueles hotéis elegantes da Côte d’Azur -seria o Grand Hotel du Cap Ferrat, em Cap Ferrat, já que ele faz parte da rede Four Seasons, parceiro da produção em outras temporadas?
Celebrei, junto com o Brasil todo, o surfista Yago Dora, que venceu um dos campeonatos mundiais em Fiji
Vivi a experiência de ver uma exposição toda com obras de Lucas Arruda, na Casa Iramaia, da Mendes Wood: que trabalho mais lindo o que ele faz…
Mais uma vez, fiquei encantada com o mega estilo do namorado de Madonna, Akeem Morris, em umas fotos que eu vi deles juntos em Siena
Soube que o escritor, filósofo e teórico da arte John Armstrong — seu livro “Arte como terapia” foi lançado aqui pela Intrínseca — estará em outubro, na School of Life: não vou perder!
Aproveitei meu fim de semana em Campos do Jordão para visitar, pela primeira vez, o Parque das Cerejeiras: ainda tinha várias delas em flor e fiquei imaginando como seriam todas elas florescendo em plena temporada
Aclamei como sempre a elegância de Tilda Swinton de Chanel, em Veneza
Fiquei encantada com Antonio Zambujo cantando junto com Caetano Veloso um dos clássicos italianos, Il Mondo — lindo…
Aplaudi demais a apresentação do músico Pat Metheny, no Teatro Cultura Artística, em noite beneficente para o Tucca
Resolvi finalmente comprar um kit para fazer compostagem do lixo aqui em casa: fui direto no Magalu — quem não quer viver num mundo mais sustentável?
Descobri que o Studio 54, boate mais mítica de Nova York nos anos 80, será reaberta apenas por uma noite para lançamento de uma nova linha de maquiagem da Valentino
Soube do lançamento de uma coleção de joias da Prada — não sei se achei o melhor da marca, exatamente…
Aplaudi demais Debora Bloch nas cenas de Odete Roitman pedindo Cesar Ribeiro em casamento, em Vale Tudo — amei vê-la apaixonada e fragilizada
Infelizmente não consegui estar presente no lançamento da coleção NK Denim, que teve uma parceria com o ateliê de costura da liderança social Rita Teixeira, do Pará, organizada pela Pedra, de Jeff Ares
Também perdi o lançamento das novas coleções de Lu Lima e da Nomad, de Roberta Batochio, no estúdio de Esther Giobbi
Fiquei encantada ao descobrir que a escolhida por Anna Wintour para substituí-la, Chloe Malle, é filha do cineasta Louis Malle, que morreu faz bastante tempo, e da atriz Candice Bergen
Fui visitar duas exposições magníficas na Galeria Nara Roesler: uma de Alberto Pitta e outra de Jonathas de Andrade
Acompanhei, junto com o mundo da moda, a partida do ícone Giorgio Armani: o fim de uma era…
Fui literalmente supreendida por esse som: "Tom's Diner", da banda alemã de indie-pop Giant Rooks, em conjunto com os vocais marcantes de AnnenMayKantereit. A música é um cover do hit de 1987 de Suzanne Vega: uma versão indie-folk mais despojada. Aproveite.
Ilustração: Maria Eugenia
ÚLTIMA MODA
Você por acaso já ouviu falar em boi de brincos? Só que, claro, não se trata exatamente de um dos acessórios preferidos de quem gosta de moda, e sim de um RG para o gado. Esse “brinco” é, na verdade, uma tag de identificação colocada na orelha do animal, com código único — em alguns casos até com chip de radiofrequência — que permite acompanhar todo o trajeto do boi, da fazenda até o frigorífico. Isso significa mais transparência, segurança sanitária e valorização da carne produzida.
A JBS, por meio do programa Acelerador JBS, já entregou mais de 120 mil desses brincos de rastreamento para pecuaristas do Pará. Mais da metade já está nas orelhas dos animais — e esse movimento permitiu que a Friboi realizasse o primeiro processamento de bovinos rastreados individualmente no estado, marco inédito para a pecuária paraense.
O lote pioneiro veio de uma fazenda em Marabá e percorreu todo o caminho até a unidade da Friboi sob inspeção federal, monitorado pela plataforma do Programa Pecuária Sustentável do Pará. Tudo acompanhado em tempo real, do pasto até a indústria.
No total, a JBS está investindo mais de R$ 35 milhões em rastreabilidade e apoio a produtores no estado. Além das tags, entram no pacote suporte técnico, ferramentas digitais e até a doação de 175 leitores de RFID (que são aparelhos usados para captar as informações que ficam gravadas em tags) para a Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará.
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