Estou longe… Mas estou perto. Enquanto finalizo este texto, estou num trem entre Istambul e Sófia, Turquia e Bulgária. Outras civilizações, outros cenários. Línguas diferentes, feições desconhecidas: parece que estou vivendo um livro, um filme, uma série. Acompanhei pela TV os encontros do rei Charles, Donald Trump e as respectivas: parece conto de fadas, mas não é. Tento também acompanhar pelo meu iPad as reviravoltas de Vale Tudo — às vezes, a ficção ajuda muito. Por estes dias, estou numa viagem de sonho, a bordo de um trem de luxo, tudo com assinatura da @latitudes_viagens. Uma sorte poder ver o mundo sob outros ângulos, com um olhar curioso e sempre atento. Conhecer novos companheiros de aventura, aprender sobre a geopolítica dos locais que visitamos. Dá pra ver que a vida não está fácil para ninguém. Mas afinal, o que esse novo mundo está tentando nos ensinar?
Ilustração: Maria Eugenia
DISK TUDO
Esqueça yoga, skincare e matcha latte: o novo must da lista de bem-estar é contratar os serviços de Etsy Witches — bruxas digitais que oferecem feitiços online como parte da rotina de autocuidado. A proposta é curiosa: a pessoa entra no Etsy, escolhe um feitiço e, por um valor que pode variar de menos de 10 dólares a mais de 200, recebe uma “intervenção cósmica” feita sob medida. Os pedidos vão de atrair o amor e proteger relacionamentos sob estresse financeiro até garantir sol no dia do casamento ou na festa de aniversário das crianças. Pode até parecer, mas não é piada, não: esses últimos têm feito tanto sucesso que já ultrapassaram os pedidos de feitiços de casamento em popularidade. Embora o Etsy tenha banido oficialmente serviços esotéricos em 2015, os tais feitiços continuam sendo vendidos sob a categoria de “entretenimento”. E as avaliações não deixam dúvida: algumas lojas acumulam comentários apaixonados e até fotos de noivas agradecendo pelo tempo perfeito. Esse movimento também encontrou terreno fértil no TikTok, onde o “witchtok” transformou a prática em fenômeno cultural. A bruxaria, que já foi demonizada nos julgamentos de Salém ou praticada discretamente por elites em busca de cura espiritual, agora é democrática, digital e instagramável. As Etsy Witches são um retrato curioso da nossa era: entre ciência, tecnologia e algoritmos, ainda sobra espaço para fé, misticismo e uma boa dose de magia. Talvez não importe tanto se funciona ou não —o que interessa na verdade é a sensação de ter algum controle em meio ao caos.
Também quero ser rico! / Fotos: reprodução Instagram
COMUM DE DOIS
Lembra quando bolsa era coisa de mulher? Pois é, ficou no passado. Hoje, elas viraram símbolo de estilo — e até de investimento — também no guarda-roupa masculino. De jogadores de futebol exibindo uma Birkin de crocodilo ao músico Drake colecionando modelos raríssimos para sua futura mulher, os “desbravadores” abriram caminho para que atletas, músicos e anônimos desfilassem sem medo com seus acessórios de luxo. Nas redes, alguns perfis dão palco a colecionadores e amantes do tema, enquanto nas passarelas a Hermès já incluiu versões masculinas da Birkin em suas coleções. O resultado? As bolsas deixaram de ser tabu e entraram de vez no território da moda masculina — tanto como acessório de estilo quanto como ativo financeiro (sim, junto com tênis e relógios, elas viraram item de investimento que resiste até a recessão). Entre os modelos mais desejados, a Birkin 40 aparece como a queridinha — prática, espaçosa e versátil —, enquanto as crossbody e carteiros conquistam pontos pela funcionalidade. Mais do que moda, essa onda mostra como os estereótipos de gênero estão ficando para trás. Bolsa não é sobre ser “masculino” ou “feminino” — é sobre estilo, conforto e liberdade de se expressar. E, convenhamos, nada mais luxuoso do que carregar apenas o que faz sentido pra você. No fundo, essa tendência é menos sobre levar coisas e mais sobre significados. Cada vez mais, a moda funciona como espelho da liberdade individual, deixando para trás a rigidez do “isso é de homem” e “aquilo é de mulher”. Ah, aqui vai um lembrete: se vestir bem é, acima de tudo, se vestir de si mesmo.
Você já ouviu falar em “recessão sexual”? Pois é, não é exagero: o The Wall Street Journal contou que os americanos estão transando menos do que nunca — e a culpa, ao que tudo indica, não é só da correria do dia a dia. Um levantamento do think tank Institute for Family Studies com dados da General Social Survey de 2024 mostrou que apenas 37% das pessoas entre 18 e 64 anos fizeram sexo pelo menos uma vez por semana no último ano. Em 1990, esse número era de 55%. E o dado que mais chama a atenção: quase um quarto dos jovens de 18 a 29 anos não teve nenhuma relação sexual em 2024. 🤔 Mas o que está por trás dessa queda? Parte da resposta é bem “old school”: menos casamentos, menos coabitação, mais responsabilidades de paternidade e, claro, a passagem do tempo. Só que também tem os vilões da era moderna: telas que ninguém larga nem na cama, ansiedade pós-pandemia, esgotamento com os aplicativos de namoro, preocupações econômicas e até o famoso “bedrotting” — a tendência de ficar deitado sem fazer nada, muitas vezes com o celular na mão. Os depoimentos ajudam a entender o clima. Tem gente que sente falta do sexo, mas não quer abrir mão da independência. Outras pessoas estão exaustas dos apps de namoro e preferem investir em carreira e bem-estar emocional. E muitos solteiros simplesmente jogaram a toalha: dizem que namorar está caro, frustrante e pouco recompensador. Só que os terapeutas fazem um alerta: abrir mão da vida sexual não é exatamente saudável. O sexo ajuda no sistema imunológico, reduz o estresse, melhora o sono e fortalece vínculos. A receita para mudar esse quadro pode parecer simples, mas exige esforço: conhecer pessoas fora do celular, alinhar horários com o parceiro, priorizar o momento a dois e, principalmente, trocar o toque no smartphone pelo toque em quem está ao seu lado. Fica a dica.
Sabe aquela história de que “casa é onde a gente se sente bem”? Pois é, o mercado do bem estar levou isso ao pé da letra e transformou em tendência global. O chamado wellness real estate já movimenta cifras trilionárias e está mudando a forma como pensamos em moradia. Não basta mais ter metragem generosa ou vista privilegiada: compradores e inquilinos querem um lar que seja quase um spa particular. O raciocínio é simples: se o ambiente influencia diretamente a saúde, por que não projetar espaços que ajudem a viver melhor? Assim, imóveis com luz natural, ar limpo, áreas verdes e facilidade para caminhar se tornaram prioridade. A lógica também se estende para dentro de casa: academias no próprio prédio, salas de meditação, saunas, piscinas geladas para mergulhos revigorantes e até ambientes planejados para recarregar as energias mentais. E aqui não se trata apenas de luxo: o movimento é sobre criar comunidades inteiras pensadas para o bem-estar, onde arquitetura, design e urbanismo trabalham juntos para promover longevidade e qualidade de vida. No fim das contas, quem dita as regras é o consumidor, cada vez mais exigente — e disposto a pagar por uma vida que ofereça saúde e equilíbrio como parte do pacote. Se antes a casa era apenas endereço, agora ela é projeto de vida. E as marcas que entenderem que bem-estar é o novo blueprint vão moldar o futuro do mercado imobiliário.
Cadê a comida que estava aqui? / Fotos: reprodução Instagram
PETIT À PETIT
A gente sabe que o Ozempic e seus “primos” Mounjaro e Wegovy estão revolucionando a forma como lidamos com a obesidade. Mas, por outro lado, será que eles estão mudando, de vez, a nossa relação com o prazer de comer? Pensa só: durante séculos, comer foi sinônimo de prazer, abundância e até status. Mas os tempos mudaram. Primeiro veio a onda da moderação, depois a queda no consumo de álcool… e agora, os remédios que “silenciam” a fome podem estar dando a cartada final. As estatísticas impressionam: uma em cada oito pessoas adultas nos Estados Unidos já usou medicamentos GLP-1, e isso tem mexido muito com o dia a dia de bares e restaurantes. Uma pesquisa da Morgan Stanley mostra que 63% dos usuários de Ozempic gastam menos comendo fora. Donos de restaurantes em Nova York e Londres relatam mesas de quatro pessoas que dividem um prato aqui, outro ali, deixando metade da comida para trás. E não é só a quantidade: o paladar muda também: de acordo com os especialistas, muitos usuários perdem a vontade por doces e ultraprocessados, e passam a preferir vegetais, proteínas e laticínios. Para alguns, isso trouxe até clareza: existe o “amor por comer” — ligado à quantidade — e o “amor pela comida”, em que o prazer está no sabor e na experiência, não no tamanho da porção. Diante dessa virada, a indústria não fica parada. A Nestlé já lançou linhas de refeições pensadas para quem toma GLP-1, e chefs começam a repensar cardápios. Já imaginou um “restaurante Ozempic”, com pratos menores, delicados, quase uma releitura da nouvelle cuisine? E agora, a questão: a alegria de comer vai desaparecer com porções menores e apetites controlados? Ou será que a gente vai redescobrir esse prazer em uma nova chave — mais consciente, mais saudável e, quem sabe, até mais refinada?
Fotos: Divulgação; reprodução Instagram
Desejos de consumo
Não pude estar presente — já que estava em viagem — mas celebrei muito a estreia do Teatro Iguatemi. O show foi uma coisa bem intimista, com Caetano Veloso. Quer coisa melhor para me inspirar nas escolhas da semana?
Na montagem acima, imagem do show de Caetano Veloso na noite de inauguração do novo Teatro Iguatemi em São Paulo. Foto: Andre Porto
1 - Ah, esse vestido chemise da BDLN tem cara de estreia
2 - A bolsa Saint Laurent de napa faz bonito em qualquer espetáculo
3 - O que dizer desses brincos da Sauer? Um sonho…
4 - Para aquele ar refrigerado, só mesmo esse carré de Valentino Garavani!
5 - E para aquela dose de irreverência extra, que tal essa sapatilha da Prada?
Nesta terça, às 12h, quero você comigo no meu canal do YouTube pra uma estreia muito especial. Dividi o sofá aqui em casa com Charles Cosac, esse editor que marcou a história dos livros no Brasil e que agora fala sobre escolhas, memórias e também sobre o futuro: do mercado editorial ao papel do livro físico em meio a um mundo cada vez mais digital.
Foi uma conversa rara, daquelas que acontecem sem pressa, cheia de afeto e reflexões que vão muito além da literatura. Eu acredito que intimidade e profundidade são o verdadeiro luxo, e é exatamente isso que quero dividir com vocês nesse novo espaço.
Então já se inscreva, ative o lembrete e venha assistir comigo. Essa é só a primeira de muitas conversas que vamos ter, direto da minha sala, com gente que inspira, provoca e faz pensar.
Margareth Brepohl construiu sua trajetória com os pés na terra e a escuta atenta de quem acredita no cuidado como um princípio que atravessa tudo — da gestão de equipes à escolha de um protocolo clínico. Psicóloga de formação, ela se consolidou como CEO da Lapinha Spa, um espaço localizado no Paraná que combina medicina preventiva, alimentação orgânica e terapias naturais em um ambiente de imersão voltado ao bem-estar físico, mental e emocional. À frente de uma empresa familiar, Margareth equilibra inovação, consistência clínica e a preservação de um legado afetivo. Para ela, oferecer saúde de verdade exige mais do que protocolos: exige coerência, consistência e, acima de tudo, compromisso com quem cuida e com quem é cuidado.
1. O que ainda falta para o Brasil ser visto como potência de wellness?
O Brasil ainda não é reconhecido internacionalmente como uma potência no setor de wellness devido a limitações na infraestrutura de acesso ao país e na mobilidade interna. Questões como trânsito e segurança também impactam a experiência de quem busca esse tipo de serviço. Além disso, a barreira do idioma é um desafio: a baixa fluência em inglês em estabelecimentos compromete a comunicação entre hóspedes e prestadores, considerada essencial para experiências de bem-estar. Outro ponto é a formação profissional, ainda restrita, o que leva muitos espaços a funcionarem também como escolas, capacitando equipes em gastronomia saudável, massoterapia e hidroterapia.
2. O setor de wellness está num momento de muitas inovações. Como escolher tratamentos de ponta e que façam realmente a diferença?
Na Lapinha, a seleção de novos tratamentos é feita a partir de evidências científicas, que embasam as práticas em saúde preventiva. A experiência do hóspede funciona como validação dos resultados, em um processo que envolve benchmarking internacional, testes de novas terapias antes da adoção e treinamentos constantes das equipes para garantir consistência e qualidade na aplicação.
3. A Lapinha conquistou prêmios internacionais por sua abordagem sustentável e personalizada, mas continua sendo, ao mesmo tempo, uma empresa familiar. Quais foram os principais dilemas que você enfrentou ao tentar equilibrar inovação, consistência clínica e a preservação de um legado afetivo?
Um dos principais dilemas é competir com grandes grupos internacionais, que recebem aportes de fundos de investimento, enquanto empresas familiares reinvestem integralmente seus lucros, o que cria uma disputa em condições desiguais. A Lapinha aposta na seleção e gestão de pessoas como diferencial, com equipes capacitadas para sustentar a inovação em serviços e práticas clínicas. O legado de dona Margarida, a fundadora, e das irmãs diaconisas, continua a orientar a atuação, preservando o cuidado no atendimento e a consistência clínica, ao mesmo tempo em que direciona os investimentos para infraestrutura essencial, mas sempre garantindo a identidade do espaço.
Embarquei numa viagem dos sonhos, de trem, pelos Bálcãs, saindo de Istambul em direção a Zurique: estou contando tudo pelas minhas redes sociais
Queria muito estar em São Paulo para aplaudir ao vivo o pianista Ari Borger e Hugo Rafael no Blue Note — no cardápio, Ray Charles
Assisti ao espetáculo Dois Papas, com Zécarlos Machado e Celso Frateschi, recomendo muito
Perdi a grande festa comandada por Charlô Whately, com direito a dança e muita diversão — Charlô sempre foi um festeiro de primeira
Me dediquei a experimentar todos os chás de menta que encontrei pelo caminho… Não foram poucos
Não consegui abrir uma página dos livros que trouxe para viagem: o ritmo aqui é intenso!
Comemorei a indicação do filme O Agente Secreto para disputar a indicação ao Oscar de 2026
Fiquei feliz em saber que o Awasi, luxuoso hotel que amei no Atacama, abriu agora em Santa Catarina
Achei elegante demais a Fernanda Lima de branco na estreia do Teatro Iguatemi
Comemorei de longe o aniversário de minha amiga Marina Lima — queria estar presente nesse momento
Me solidarizei com as milhões de “viúvas” de Robert Redford: quantas mulheres tristes com a morte dele
Elegi o meu restaurante preferido, por enquanto, nesta viagem: o Olden 1772, em Istambul — festa de sabores!
Infelizmente não estive presente no jantar de comemoração dos cinco anos do Museu Judaico, de cujo conselho eu faço parte
Também não vou conseguir participar dos 15 anos da revista Amarello, de Tomas Biaggi -junto com lançamento do filme Retorno Infinito, de Pedro Perdigão
Fui surpreendida na estação de trem de Sophia por duas cantoras búlgaras que me lembraram o espetáculo montado por Marcello Dantas para a inauguração da Japan House no auditório Ibirapuera
Me dei conta de como é importante a cada viagem a gente levar pelo menos o mínimo básico, como por exemplo o adaptador universal de tomada — que serve para 150 países- e uma boa meia de compressão pra usar durante os voos mais longos — tudo isso eu achei no Magalu
Descobri que a Casa Roberto Marinho vai inaugurar, na próxima quinta, no Rio, a exposição Pinturas Nômades, de Beatriz Milhazes — quero me programar para visitar
Fiquei sabendo do lançamento do óleo Fiore, resultado de uma collab entre Isabella Fiorentino e a especialista em pele Roseli Siqueira — ja quero experimentar!
Me encantei com o passeio de barco pelo Bósforo, à noite — depois um pequeno espetáculo de dança turca nas cisternas, emocionante
Quando estou longe do Brasil como agora, numa expedição de trem pelos Bálcãs, saindo de Istambul rumo a Zurique, fico querendo me conectar com o Brasil por meio da música. E no momento, nada melhor que o novo hit de João Gomes, esse queridinho nacional (o vídeo foi gravado no interior de Pernambuco, em Serrita)
Ilustração: Maria Eugenia
PRÁTICO, MAS COM AFETO
Você já imaginou abrir o freezer e dar de cara com uma refeição que tem gosto de comida feita em casa, daquele jeito que lembra o tempero de sua avó? Pois essa é a proposta das Panelinhas Seara, nova linha de pratos prontos da marca: fácil para o dia a dia, mas com ingredientes que todo mundo conhece e receitas com jeito de afeto. E para contar essa história, a Seara entrou no clima de nostalgia e lançou uma campanha divertida: as estrelas são quatro vovós brasileiras — só que em versão 3D. Tem a brincalhona, a líder, a tech e a fofinha, cada uma representando um jeito único de cuidar e de cozinhar. Elas ganham vida em um cenário que mistura live action, animação e inteligência artificial, com direito a expressões faciais e jeitinhos bem reais.
A ideia da marca foi unir tradição e inovação: mostrar que dá para ter praticidade sem abrir mão do sabor de casa. Ao todo, são sete versões, uma para cada dia da semana, que passeiam pelos clássicos brasileiros: Arroz Carreteiro, Feijoada, Fricassê de Frango, Escondidinho de Carne Moída, Caldo Verde com Calabresa, Caldo de Mandioquinha com Frango e Caldinho de Feijão. As embalagens são práticas, recicláveis e até colecionáveis — reforçando a proposta de facilitar a vida, trazendo de volta aquela sensação de aconchego da comida de verdade.
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